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Amazônia

Quinta-feira, 25 de Maio de 2023

 
     

Políticos locais: entre os principais difusores de desinformação na Amazônia Legal

  

Relatório lançado pelo coletivo Intervozes mapeia os responsáveis, descreve o modo de ação e faz recomendações

  

Capa do Relatório do Intervozes


Por Alice Rodrigues - estagiária da EcoAgência*

O coletivo Intervozes, em parceria com o Grupo de Trabalho (GT) de Combate à Desinformação e Discurso de Ódio na Amazônia Legal, lançou um relatório com o mapeamento de 70 páginas e perfis na internet responsáveis por disseminar desinformações. Intitulado “Combate à desinformação da Amazônia Legal e seus defensores”, foi elaborado em conjunto com outras 10 organizações, sendo oito amazônidas. O mapeamento identificou difusores de desinformação nos seguintes estados da Amazônia Legal: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Roraima, Mato Grosso e Tocantins. O objetivo é auxiliar na criação de campanhas estratégicas de combate à desinformação e ao discurso de ódio. 

Uma das principais conclusões do mapeamento é a existência de uma vasta quantidade de sites de notícias hiperpartidários, ou seja, defensores de uma pauta política única. A grande maioria dos sites, ao invés de reproduzir conteúdos jornalísticos, disfarçam-se de organizações de notícias locais para divulgar informações caluniosas a fim de favorecer um determinado partido ou viés político, prática que se intensificou durante o período eleitoral de 2022. 

 

Outra conclusão é que a desinformação nesses estados da Amazônia Legal se dá principalmente por meio da manipulação de informações para interferir na opinião pública. Nas poucas publicações sobre meio ambiente, essas páginas mostram dados imprecisos e descontextualizados sobre desmatamento. Além de questionamentos ou falas que negam as mudanças climáticas cujos efeitos são vivenciados em todo o planeta. 

 

Já os conteúdos de maior engajamento nas redes sociais, veiculados nos sites analisados, são assuntos relacionados à pandemia, bem como discursos de ódio homofóbicos, misóginos, xenofóbicos e de conspirações políticas. Ideais antidemocráticos e repletos de ódio também são direcionados aos indígenas, mulheres e comunidade LGBTQIAP+ com amplo repertório pejorativo. O relatório traz o alerta de que essa disseminação impacta diretamente o cotidiano e a reputação desses grupos sociais. 

 

Devido ao grande investimento que os responsáveis fazem para que os conteúdos circulem na rede, o lucro dos veículos pode ser alto até assemelhar-se a uma verdadeira indústria, só que é de desinformação. Conforme destacado no relatório, existem três tipos de financiamentos que mantêm os sites ativos: assinaturas mensais, mídia programática (anúncios e vídeos monetizados) e recursos públicos provenientes dos políticos locais. 

 

Recomendações

 O levantamento também indica alguns possíveis caminhos para barrar os avanços da desinformação. Ao poder público, as recomendações envolvem a cooperação entre o Estado, agentes privados e a sociedade para buscar soluções coletivas e eficazes, além da criação de políticas permanentes de educação crítica para o uso da internet e de educação midiática desde a infância. Mecanismos e formas de financiamento e incentivo ao jornalismo local, popular e/ou comunitário e a responsabilização de empresas que facilitam o financiamento da propagação de desinformação também foram recomendados. 

 

Já para as plataformas, as indicações são a criação de formatos acessíveis e linguagem clara sobre as políticas de restrição de conteúdo e a criação de filtros ligados às mudanças climáticas e pauta ambiental referente à Amazônia, de modo que o conteúdo impulsionado seja categorizado. Despriorizar mecanismos de busca, conteúdos postados repetidamente com características de propagandas sistemáticas de desinformação, também foi indicado. Em relação à curadoria dos conteúdos, o documento aconselha mais transparência sobre os critérios utilizados pelos algoritmos para sua ordenação ou direcionamento.  

 

Seminário na Câmara

Lideranças da região da amazônica, entre elas o Instituto Vero, apresentaram, na última terça-feira (24), o relatório publicado pelo coletivo Intervozes durante o seminário “Mentira que (Des)Mata: os impactos da desinformação sobre a Amazônia e as políticas climáticas e ambientais”. Na oportunidade, as organizações alertaram que é significativo o risco de agravamento do desmatamento no bioma por influência da desinformação. O seminário também contou com a participação do relator do PL das Fake News, Orlando Silva, e da Ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara. 


O relatório completo está disponível no site do Intervozes.

 

 

 

* Estudante de Comunicação Social habilitação Jornalismo, sétimo semestre, na Universidade Federal de Santa Maria campus Frederico Westphalen-RS, orientanda da professora Doutora Cláudia Herte de Moraes, com supervisão de Eliege Fante, editora da EcoAgência.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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