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VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia

Quarta-feira, 27 de Novembro de 2013

 
     

Mudanças profundas na economia são necessárias para surgir uma nova sociedade

  

É necessária a desintegração do sistema capitalista e patriarcal, com a vida estando no centro da economia. 

  

Adriane Bertoglio Rodrigues    


Por Raíssa Genro - especial para a EcoAgência

“O sistema agroecológico pode ser compatível com o capitalismo?”, assim iniciou provocando o espanhol Tom Kucharz, da associação Ecologistas en Accion que reúne mais de 300 grupos ecologistas espanhóis. O painel integra a programação do terceiro dia do VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia, que ocorre até quinta-feira (28), no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre.  "Se amanhã Monsanto e Petrobras disserem que suas produções serão agroecológicas, ainda assim não será a solução, pois seguirá sendo uma forma diferente de mundo", ressaltou o ecologista.

Kucharz apresentou os critérios que em sua visão são os fundamentos para uma sociedade alternativa.  É necessária a desintegração do sistema capitalista e patriarcal, com a vida estando no centro da economia. O modelo de trabalho, afirma ele, precisa visualizar todas as tarefas incluindo as não remuneradas e essenciais para o bem estar humano. A divisão sexual do trabalho precisa acabar, distribuindo-o de forma igualitária e justa. Kucharz apontou para um modelo de produção comunitária que não explore as pessoas e não desperdice recursos. O sistema de propriedade precisa ser coletivo, não o da propriedade privada. “Os bancos precisam ser expropriados e a riqueza distribuída equitativamente, com a conversão em instituições públicas e cooperativas de crédito”, analisa, pregando o fim da Organização Mundial do Comércio (OMC). “A revolução será  feminista e ecologista ou não será”, sentenciou  no final de sua fala.

João Pedro Stédile, economista, atuante na criação do MST, e atualmente na direção da entidade, iniciou analisando o capitalismo industrial, que introduziu paradigmas que mudaram a forma de produção dos alimentos. Foi este capitalismo, explicou, que introduziu a propriedade privada. Depois, seguiu apresentando historicamente, veio a proposta de uma mudança na matriz tecnológica, conhecida como a Revolução Verde. Veio então o capitalismo financeiro e globalizado que impôs novas mudanças na agricultura, uma nova divisão internacional do trabalho. “No caso do Brasil nos toca produzir apenas soja, milho, cana-de-açúcar e eucalipto para produção de celulose. Eles impuseram um controle oligopólico da produção agrícola, com 50 empresas no máximo dominando a produção mundial”, criticou.

Stédile disse que não existem hoje políticas públicas agrícolas autônomas nos países, sendo problemática a perda da soberania nacional. “A Bunge investe mais no Brasil do que os orçamentos do Ministério do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário. Portanto, seria mais democrático eleger o presidente da Bunge e não do Brasil”, ironiza. Sobre os transgênicos, Stédile comentou que a própria Embrapa já comprovou que não se trata de aumento da produção física, mas uma semente modificada pode ter aplicada a política de patentes e assim, todas as implicações econômicas. Sobre o mercado de créditos de carbono, que “negocia o oxigênio das florestas”, disse ser feito majoritariamente por índios que apenas são guardadores, mas não detém este patrimônio. “E que depois, com os lucros, vão comprar caminhonetes hilux e coca cola”, analisou. A agroecologia, para Stédile, é “mais do que uma experiência é um modelo de agricultura para as massas, a afirmação de uma nova matriz produtiva”, comentou esperançoso.

EcoAgência

  
  
  
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