A reportagem intitulada “Agronegócio e extrema direita impulsionam máquina de fake news sobre aquecimento global”, da Agência Pública, publicada em 30 de junho e assinada por Giovana Girardi, Cristina Amorim, Álvaro Justen e Rafael Oliveira, trata de um tema que veículos regionais comprometidos com o bom jornalismo deveriam abordar.
A reportagem informa que, por dois meses, a Pública, “com o apoio do Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais (NetLab) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) , analisou anúncios na Meta (Facebook e Instagram), vídeos no YouTube e outros conteúdos publicados em redes sociais e em sites noticiosos ou não, com o objetivo de rastrear quem está por trás da disseminação do negacionismo climático e da desinformação ambiental no país”.
Em fevereiro, a equipe do NetLab lançou o relatório “Panorama da Infodemia Socioambiental: uma análise multiplataforma do ecossistema brasileiro de mídia digital (2021-2023)”, que analisa as implicações sociais da propaganda, desinformação e automação em diferentes tópicos no Brasil desde 2016. Entrevistados, membros da equipe apontam a falta de regulamentação jurídica e de transparência das grandes plataformas que divulgam conteúdos falsos.
Uma das fontes da reportagem, o sociólogo Jean Miguel, professor associado ao Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp, afirma que uma parcela do agronegócio incorporou o negacionismo do aquecimento global e da ciência que revela os impactos da devastação ambiental para atingir leis ambientais específicas. Tal processo evidenciou-se ao longo do governo Bolsonaro e seu ataque sistemático à legislação ambiental federal, com graves repercussões nos estados e municípios.
A abordagem da Pública aponta caminhos para que veículos nos diferentes estados façam o mapeamento de associações, canais e atores que regionalmente promovem desinformação ambiental.
* Texto produzido no âmbito do projeto de extensão "Observatório de Jornalismo Ambiental" por integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS). A republicação é uma parceria com o Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS). Míriam Santini de Abreu é jornalista, doutora em Jornalismo, mestre em Geografia e especialista em Educação e Meio Ambiente.