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Indígenas

Segunda-feira, 16 de Janeiro de 2012

 
     

Filme acompanha vida dos Krahô e desvenda mistérios do palhaço sagrado da tribo

  

Os próprios índios convidaram Letícia Sabatella para realizar um registro sobre eles que, naquele momento, perceberam que seria importante documentar a sua cultura, como forma de manter viva as suas raízes.

  


Por Ciranda Assessoria de Comunicação

No dia 17 de fevereiro, estreia nos cinemas de todo o país o documentário em longa-metragem “Hotxuá”, que marca a estreia na direção da atriz Letícia Sabatella e do artista plástico e cenógrafo Gringo Cardia. Distribuído pela Caliban Produções, do cineasta Silvio Tendler, o filme foi vencedor do Prêmio do Júri Popular no Festival de Cuiabá e recebeu o troféu Mapinguari, no FestCine Amazônia, ambos em 2009. No mesmo ano, o filme também foi apresentado no Festival de Toulouse, França.

O documentário faz um registro poético sobre a tribo indígena krahô, que vive em Palmas, Tocantins, no norte do Brasil. A dupla de diretores acompanhou o dia a dia dos krahô e registrou o maior e mais importante evento da tribo, a Festa da Batata, que marca a mudança da estação chuvosa para a seca e celebra a fertilidade da tribo. Nessa ocasião, também são realizados vários ritos de passagem, inclusive a oficialização de casamentos entre os nativos.

O projeto do filme surgiu a partir de uma demanda da própria tribo, quando os próprios índios convidaram Letícia Sabatella para realizar um registro sobre eles que, naquele momento, perceberam que seria importante documentar a sua cultura, como forma de manter viva as suas raízes. “Estive pela primeira vez na tribo em 2001, quando eu e outros atores fomos levados pelo antropólogo e indigenista Fernando Schiavini, por conta de um laboratório que fizemos para uma montagem teatral. Nessa ocasião, criei um vínculo definitivo com os Khahô. Oito anos depois, surgiu o convite”, conta a atriz.

Detentores de uma cultura milenar, o povo krahô é um povo sorridente, que considera a alegria um elemento-base de sua sociedade e designa entre seus líderes um sacerdote do riso: o hotxuá, um palhaço sagrado, que é profundamente respeitado pela tribo. Assim como a figura clássica do palhaço, eles usam a força do humor e do riso para fortalecer a autoestima do povoado, garantindo a sua cultura milenar. Brincando e animando o espírito da aldeia, os hotxuá dissipam disputas, lembram o desapego à ganância, falam o que os outros calam, ensinam o certo ao agir de forma errada e desmistificam o erro.

Para conseguir traduzir a poesia contida na cultura krahô e sua cultura ecológica, democrática, preocupada com a diversidade e a preservação ambiental, Letícia e Gringo se inseriram na aldeia, onde liberaram a câmera e captaram mais de 70 horas de filmagem. Os diretores colheram depoimentos dos índios (em merrim, sua língua nativa, e em português), que falam sobre as crenças e o estilo de vida que sustentam e como mantém íntegra a sua sociedade, cuja concepção de mundo é o equilíbrio entre forças opostas e o respeito à diversidade.

O documentário também acompanha a rotina do palhaço sagrado Aprakt, mestre dos hotxuás e estrela da festa. Dentre seus muitos afazeres na realização do ritual, o grande líder dos krahô é responsável por garantir que, no momento mais esperado da festa, todos da aldeia possam rir a valer com a apresentação dos hotxuás em torno da fogueira. Após os festejos, os caciques debatem sobre seus problemas e as ameaças que preocupam a tribo. Aprakt toma posição de enfrentar esta ameaça. Com o apoio da tribo, sua tarefa é fazer com que o Kupen (o homem que vem de fora da aldeia com suas máquinas visando o lucro imediato) seja lembrado de sua irmandade com a natureza e com os Krahô.

Os índios Krahô não entendem o desamor entre vizinhos e prezam o bem-estar do próximo. Pensam no futuro, mas não permitem que o medo os paralise. Riem e seguem em frente. Gentilmente, da forma orgânica que compreendem o mundo, os krahô vão compartilhando seus costumes, histórias, preocupações e crenças. E, pouco a pouco, a mágica do estilo de vida e da estrutura dessa sociedade vai se revelando.

O filme conta com o patrocínio da Petrobras.

Sobre os índios Krahô

Os índios Krahô também são conhecidos por outras tribos como “Os Senhores do Cerrado”, a grande floresta de savana brasileira, que eles lutam para preservar e manter intacto. Os Krahôs têm dois caciques, cada um representando um partido. Duas vezes por dia, promovem uma corrida de toras entre os partidos, para garantir o equilíbrio do ambiente. É importante que nenhum deles ganhe sempre e que a competição seja motivo de fortalecimento e união para todos.

Três crenças são primordiais na cultura Krahô: a harmonia da Natureza, a força das plantas e a celebração à vida. Eles consideram que a natureza se divide entre o partido do sol (wakmiyé) e o partido do úmido (katamiyé) e as duas forças são complementares. Os Krahô acreditam que as plantas foram presente de Caxekwyj, uma estrela que veio do céu e trouxe as sementes. Depois, a estrela se transformou em moça e ensinou o povo a plantar e comer os frutos da terra. Um dia, um índio chegou à roça e as plantas estavam dançando e elas o ensinaram a festejar.

Apesar de toda alegria, a tribo krahô também sofre. Eles temem o cultivo desmedido da soja que promove o desmatamento das áreas no entorno do cerrado onde fica a reserva indígena, destruindo a paisagem sagrada e rica de diversas espécies de animais e plantas nativas. Lamentam o uso de agrotóxicos que envenenam os animais, a terra e as águas e se preocupam com a possível construção de uma barragem que pode alagar os terrenos férteis e acabar com a agricultura deles e da população ribeirinha. Não entendem o motivo da ganância que leva os homens a quererem extrair mais da Terra, exaurindo-a.

Sinopse – “Hotxuá”

Registro poético sobre a tribo indígena krahô, um povo sorridente que designa um sacerdote do riso, o hotxuá, para fortalecer e unir o grupo através da alegria, do abraço e da conversa. Acompanhando o dia-a-dia da aldeia no Norte do Brasil, o filme colhe depoimentos dos índios, em sua língua nativa e em Português. Eles falam sobre as crenças e o estilo de vida que sustentam e mantêm feliz essa sociedade cuja concepção de mundo é o equilíbrio entre forças opostas e o respeito à diversidade.

Ficha Técnica - “Hotxuá”

Um projeto Kapey União das Aldeias Krahô!
Produzido por: Pedra Corrida Produções e Letícia Sabatella
Distribuído por: Caliban Produções Cinematográficas
Direção: Letícia Sabatella e Gringo Cardia
Roteiro: Letícia Sabatella, Gringo Cárdia, Alessio Slossel e Povo Krahô
Editor: Quito Ribeiro
Fotografia: Sylvestre Campe
Trilha Sonora Original: Paulo Santos
Som Direto: Heron Alencar, Bruno Espírito Santo e Denilson Campos
Indigenista: Fernando Schiavini
Participação especial: Ricardo Pucceti

Informações Técnicas - “Hotxuá”
Gênero: Documentário
Ano de produção: 2009
Duração: 70 minutos
Formato: HDCAM
Classificação indicativa: verificar classificação
Idioma: Português e merrim
Subtítulo: português
Som: dolby digital 5.1
Cor: colorido
 

 

Ciranda/EcoAgência

  
  
  Comentários
  
Hotxua - 19/01/12 - 14:31
Quem quiser pode assistir o trailer do filme em http://youtu.be/co0NsQKJG9k Mais informações em nossa página http://www.hotxua.com.br
  
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Autorizada a reprodução, citando-se a fonte.
 
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