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IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental

Sexta-feira, 18 de Novembro de 2011

 
     

“Não há energia santaâ€, afirma Luiz Pingueli Rosa

  

Para pesquisador, a biomassa e a energia eólica, por serem sazonais, poderiam ser complementares às hidrelétricas.

  

Juarez Tosi/EcoAgência    
"Sustentabilidade das hidrelétricas é questionável"


Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para EcoAgência de Notícias Ambientais.

Os impactos ambientais e sociais e os potenciais das diversas energias disponíveis foram abordados pelo físico da UFRJ, Luiz Pingueli Rosa, que também é secretário do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Ele palestrou sobre Ciência e inovação para uma sociedade sustentável na manhã dessa sexta-feira (18/11), no Rio de Janeiro, durante o IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, que reúne, na PUC-RJ, mais de 500 pessoas, entre jornalistas e estudantes.

Para o pesquisador, que diz discordar do veto às hidrelétricas, a sustentabilidade desse sistema é questionável, pois apresenta pontos positivos e negativos. Entre os positivos está o de ser uma energia renovável, de emitir menos poluentes do que a energia termelétrica e por hoje existir a possibilidade de as usinas serem construídas a frio d´água, com reservatórios minimizados, “porém com fator de reserva de água reduzido”, analisa. Já entre os aspectos negativos, Pingueli cita os impactos sociais e ambientais na construção e inundação de grandes áreas, a emissão de gases de efeito estufa, principalmente em regiões tropicais, e o fato de baixa capacidade, que no Brasil é em média de pouco mais de 50%. “No caso da polêmica hidrelétrica de Belo Monte, o fator de capacidade é baixo, de apenas 42%”, diz.

“O Brasil usa 1/3 do potencial hidrelétrico, assim como usamos também 1/3 da cana-de-açúcar para a produção de etanol”, analisa Pingueli, ao destacar que o uso desse biocombustivel ultrapassou a gasolina. Ele lamenta que hoje o Brasil importa etanol de milho dos Estados Unidos, “o que é um vexame diante das emissões de gases de efeito estufa”.

Alternativas

Para Pingueli, a biomassa e a energia eólica, por serem sazonais, poderiam ser complementares às hidrelétricas. A projeção de crescimento da energia eólica no Brasil é de 529%, entre os anos de 2010 e 2015. Em segundo e terceiro lugar estão as energias a carvão e óleo, “o que é ruim”, afirma, ao observar que o carvão vegetal tem substituído o mineral, tendo, como impacto negativo, o desmatamento.

As outras formas de energia também foram analisadas por Pingueli, que afirmou não existir energia santa, pois todas geram impactos. As termoelétricas, então, são ineficientes e muito poluidoras. “O governo não deveria investir nas nucleares, pela insegurança, mas já que Angra 3 está em desenvolvimento, que seja concluída direito”, alerta.

Pingueli é um defensor da energia a partir dos resíduos sólidos. “O lixo como energia traria impactos positivos na eliminação dos lixões”, diz, ao defender ainda o repasse de royalties para pescadores, agricultores e comunidades indígenas atingidos por hidrelétricas e outras formas de energia. “É preciso investir em tecnologias. O Brasil leva um banho de dez a zero dos asiáticos e coreanos, que priorizam não apenas estudar, mas aplicar as tecnologias. Deveríamos investir mais”, finaliza.

EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais

  
  
  Comentários
  
Paulo Brack - 22/11/11 - 00:18
Infelizmente, Pingueli Rosa, subestima os GEE (gases de efeito estufa) originados das hidrelétricas da Amazônia. Reproduzo aqui as palavras de Philip Fearnside (2011) "Hidrelétricas amazônicas como emissoras de gases de efeito estufa. Proposta. 35(122): 24-28." "A indústria passou a sustentar que as emissões são poucas e muito menores do que seriam emitidas se a mesma energia fosse gerada a partir de combustíveis fósseis. Infelizmente, em geral esta posição tem sido sustentada simplesmente por se ignorar as fontes principais de emissões das barragens, tais como o metano liberado das turbinas e vertedouros, bem como o CO2 da decomposição de árvores acima da superfície da água. As únicas emissões incluídas na maioria dos estudos financiados pela indústria hidrelétrica [inclusive a Eletrobrás, responsável por Belo Monte, empresa onde Pingueli tem relação estreita] são as bolhas e a difusão através da superfície dos próprios reservatórios. O primeiro inventário nacional do Brasil de emissões de gases de efeito estufa, lançado em Buenos Aires em 2004, na Conferência das Partes (COP) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, incluía uma seção sobre as emissões de hidrelétricas. No entanto, as emissões provenientes desta fonte não foram incluídas no total da contribuição do país para o aquecimento global. Além disso, a seção sobre emissões hidrelétricas, mais uma vez, só incluiu as emissões da superfície do reservatório." "Minhas estimativas, por exemplo, são mais do que 10 vezes maiores do que os números oficiais para as duas barragens na Amazônia, incluídas no relatório: Tucuruí e Samuelâ€. Essa diferença é resultante, principalmente, da inclusão das emissões provenientes das turbinas, vertedouros e da decomposição de árvores mortas acima da superfície da água (ver trabalhos sobre cada barragem disponíveis em http://phiIip.inpa.gov.br). Nada mudou no Plano Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC), apresentado em 2009 na COP em Copenhague. Barragens são descritas como energia limpa e as emissões das turbinas e vertedouros não são mencionadas. Neste momento, o exemplo mais flagrante de que essas emissões são ignoradas é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) para a barragem de Belo Monte, proposta para o rio Xingu. Um dos 36 volumes do ElA é dedicado às emissões de gases de efeito estufa, mas não chega a nenhuma quantificação do impacto do projeto e restringe a discussão às emissões da superfície do reservatório. Há quinze anos atrás, isso poderia ser desculpável, mas, atualmente, fingir que emissões das turbinas e vertedouros não ocorrem é indefensável (consulte a revisão sobre o EIA/RIMA Belo Monte em http://colunas.globoamazonia.com/philipfearnside/). O Estudo ignora completamente a literatura, hoje substancial, que mostra a liberação de quantidades significativas de metano das turbinas e vertedouros. Estas emissões não são meros "cálculos", pois têm sido medidas diretamente em Balbina, no Brasil, e em Petit Saut, na Guiana Francesa."
  
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