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Alimentação

Segunda-feira, 25 de Abril de 2022

 
     

“Proteínas alternativas†não salvarão o planeta, dizem especialistas

  

Carne cultivada em laboratórios e outros substitutos vegetais da proteína de carne não conseguem resolver os problemas do sistema alimentar industrial. Saída seria focar em políticas alimentares que levassem em conta subsistência das pessoas nos territórios específicos

  

Getty Images/Reprodução de ABori    


Por Agência Bori

Uma nova análise abrangente de estudos sobre carne e proteínas lançada na quarta (6) revela que as “proteínas alternativas,” como a carne cultivada em laboratório e os novos substitutos à base de plantas, não são tão sustentáveis como seus defensores afirmam – e arriscam fortalecer o domínio dos sistemas alimentares por grandes empresas agro-industriais, dietas padronizadas de alimentos processados e cadeias de abastecimento industrial que prejudicam as pessoas e o planeta.

Seguindo a evidência apresentada pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) sobre a necessidade de alterações fundamentais nos sistemas alimentares para o combate às mudanças climáticas, o relatório do IPES-Food (Painel Internacional de Especialistas em Sistemas Alimentares Sustentáveis) alerta para os riscos de se cair numa armadilha de soluções tecnológicas. Tecnologias como a carne cultivada em laboratório, substitutos à base de plantas e pecuária e piscicultura de precisão prometem reduzir os danos ambientais; no entanto, as evidências para estas alegações são limitadas e especulativas, diz o IPES-Food. Elas podem causar mais danos do que benefícios – resultando em alimentos ultraprocessados, dependência de energia de combustíveis fósseis e perda de meios de subsistência para pequenos agricultores no Sul Global.

As chamadas proteínas alternativas atraíram apoiadores como Bill Gates, Sergey Brin, e Richard Branson; e o apoio dos governos dos Estados Unidos, China e Europa. Mas o mercado também viu investimentos e aquisições significativas no setor por parte das grandes empresas mundiais de processamento de carne, incluindo a JBS, Cargill e Tyson. O mercado de proteínas alternativas é agora caracterizado por grandes empresas que combinam tanto a produção industrial de carne como um número crescente de alternativas, criando monopólios proteicos.

Para Philip Howard, membro do IPES-Food e autor principal do relatório, “é fácil perceber a razão pela qual as pessoas seriam atraídas pelo marketing e pela propaganda – mas substituir a carne por proteínas ‘alternativas’ não vai salvar o planeta. Em muitos casos, a mudança para as proteínas ‘alternativas’ agravará os problemas do nosso sistema alimentar industrial, como a dependência de combustíveis fósseis, monoculturas industriais, poluição, más condições de trabalho, dietas pouco saudáveis e controle por gigantescas corporações”.

O relatório critica as alegações  que dominam e polarizam a discussão pública sobre carne e proteínas – descobrindo que existe uma “obsessão por proteínas”, um foco restrito nos gases de efeito estufa, que exclui preocupações de sustentabilidade mais amplas, e uma falha em dar conta das diferenças significativas entre os sistemas de produção de carne nas diferentes regiões do mundo. Em vez disso, o painel de especialistas exige um maior foco em sistemas alimentares como um todo e políticas alimentares abrangentes que sejam capazes de medir não apenas os gases de efeito estufa, mas também adotar amplas métricas de sustentabilidade dentro de contextos territoriais/regionais e redirecionar recursos públicos e privados de grandes “empresas de proteínas” para o bem público.

“Algumas pessoas dizem que mais proteínas são necessárias para impedir a fome, como desculpa para adotar soluções tecnológicas como as ‘proteínas alternativas’. Mas a realidade é que existe um excesso de produção de proteínas a nível global. Estas soluções tecnológicas têm pouco ou nada a oferecer às pessoas em condições de insegurança alimentar”, afirma Cecília Rocha, pesquisadora brasileira membro do IPES-Food e professora da Universidade Ryerson, no Canadá. “A propaganda simplista sobre a carne ignora completamente a vivência das pessoas do Sul Global para quem a carne e o peixe são sim fontes sustentáveis de nutrientes e meios de subsistência”, complementa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Agência Bori - EcoAgência

  
  
  
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