A Força Nacional de Segurança Ambiental foi criada para combater o desmatamento ilegal na Amazônia. Seis meses depois, parte da tropa executa uma missão contraditória, que nada tem a ver com a proteção da mata: garantir a construção de novas hidrelétricas na região.
O serviço ambiental de inteligência militar foi fundado em outubro de 2012. Na época, equipes foram enviadas à Amazônia para cumprir a operação Onda Verde. A meta era apoiar a fiscalização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no combate ao comércio ilegal e derrubada criminosa da floresta.
Segundo o Ministério da Justiça, em novembro do ano passado, por exemplo, só três pessoas foram presas pelo desmatamento de mais de 256 hectares no estado do Pará, área equivalente a 284 campos de futebol. Com a ajuda de homens do Exército, Marinha e Aeronáutica, fiscais do Ibama apreenderam 20 mil m³ de madeira em tora, além de balsas e tratores. Mais de 1,5 bilhão de multas foram aplicadas.
Apesar da presença dos soldados, os alertas de desmatamento na Amazônia Legal subiram 26% de agosto de 2012 a fevereiro de 2013, em comparação com o mesmo período anterior. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Luciano de Meneses Evaristo, do Ibama, contesta. "O fato de o sistema reconhecer áreas de desmatamento não quer dizer que elas realmente existam. Em 50% dos casos, a nossa equipe chega até o local e encontra ou lençóis d'água, ou montanhas", disse à DW Brasil.
Ainda assim, o combate ao desmatamento não recebe a atenção integral da tropa criada especialmente para esse fim. Recentemente, homens foram escalados para garantir a segurança de pesquisadores do Ibama no Pará. Os cientistas em questão são responsáveis pelo estudo de impacto ambiental e viabilidade técnica e econômica das hidrelétricas previstas na região do rio Tapajós.
Segundo a Secretaria Nacional de Segurança, o número exato de soldados – entre eles profissionais da Marinha, Aeronáutica e do Exército – não pode ser divulgado por razões estratégicas. Estima-se, no entanto, que cerca de 240 homens tenham sido mandados para a região para apoiar os pesquisadores.
Leia o restante da reportagem da DW