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Ambientalismo

Quarta-feira, 25 de Fevereiro de 2015

 
     

Ambientalista terá conferido grau de doutora "in memoriam" na UFMG

  

Carolina Herrmann Coelho de Souza, vítima fatal de acidente de trânsito, será homenageada pelos colegas, professores e amigos na Escola de Arquitetura em Belo Horizonte

  

Foto reprodução    
Carolina Herrmann no vídeo produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre durante a campanha vitoriosa pelo “NÃO†na consulta popular ao projeto Pontal do Estaleiro em Porto Alegre


Por Eliege Fante - especial para a EcoAgência

Acontece nesta quinta-feira (26) em Belo Horizonte (MG) a homenagem dos colegas, professores e amigos da ambientalista Carolina Herrmann Coelho de Souza, vítima fatal de um acidente de trânsito no Rio Grande do Sul. A escolha desse dia se deve à data de defesa da tese “O espaço da resistência na Serra do Gandarela: instrumentos, contraposições e a necessária utopia", na Escola de Arquitetura da UFMG, onde cursava doutorado em Arquitetura e Urbanismo (NPGAU/UFMG). A solenidade tem programada a apresentação da tese de Carolina por integrantes do Movimento pela preservação da Serra do Gandarela, a leitura do parecer sobre a tese pelos membros da banca, a aprovação in memoriam da tese de Carolina e, por fim, depoimentos de amigos sobre a trajetória da ambientalista.

A prematura e trágica morte de Carolina Herrmann Coelho de Souza motivou as manifestações dos amigos na sua página pessoal do Facebook, através da qual se divulgou informações sobre o acidente, e também dos grupos ambientalistas aos quais Carol, como era afetuosamente chamada, estava envolvida. “Carol foi uma grande guerreira na luta pelos direitos de dizer NÃO À MINERAÇÃO, e grande articuladora na constituição do Comitê,” divulgou o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração. “Perdemos uma pessoa extremamente lúcida, apaixonada, amiga,” manifestou a Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale.
 
Antes da mudança para Belo Horizonte, Carol residia em Porto Alegre onde formou-se arquiteta e urbanista e mestra em Engenharia Civil (UFRGS) na área de Meio Ambiente, Comunidades e Edificações Sustentáveis. Paralelo aos estudos ingressou na ONG Amigos da Terra Brasil há dez anos, onde teve atuação significativa em diversas causas e integrava o Conselho Diretor. A passagem de Carol na entidade, segundo o presidente Fernando Campos, iniciou com a ampliação da visibilidade das Quartas Temáticas, evento semanal de debates sobre temas socioambientais, que coordenou. Carol participou de todas as etapas do projeto de construção da Casanat. A sede dos Amigos da Terra Brasil em Porto Alegre é também um Centro de Referência para Edificações Sustentáveis e abrigará o Centro de Documentação Magda Renner. “A forma cuidadosa, delicada e ao mesmo tempo forte de dialogar com os diversos atores envolvidos nas nossas causas socioambientais foi a marca da Carol. Ela contribuiu muito para a construção da nossa visão de que é possível transformar as cidades para o bem viver. A sua coerência tanto no diálogo nacional quanto internacional e o jeito pessoal meigo e tranquilo traziam confiança,” disse Fernando. Conforme o anúncio dos pais, Pedro e Vera, junto a esta entidade será criada uma biblioteca de estudos e livros sobre ecologia, urbanismo e sustentabilidade.
 
A Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural) também manifestou pesar pela morte de Carol e lembrou da sua destacada atuação contra o projeto imobiliário sobre uma Área de Preservação Permanente denominado Pontal do Estaleiro em Porto Alegre entre 2008 e 2009. A relação de Carol com esta causa começou, segundo Sandra Ribeiro, com a criação do Fórum de Entidades da Câmara Municipal. “Carolina representava os Amigos da Terra no Fórum, instalado em 2007 para analisar e propor emendas para a reavaliação do Plano Diretor de Porto Alegre, e destacou-se ali. Foi um momento importantíssimo porque as entidades passaram a lutar juntas, fundaram o Movimento em Defesa da Orla do Guaíba e derrotaram o projeto da Prefeitura com mais de 80% dos votos contrários na consulta popular em 2009,” recordou.

Carol também atuou como conselheira suplente pela Região de Planejamento 6 do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA) de Porto Alegre. “Por ser jovem e de aparência frágil os representantes da construção civil e da prefeitura pensavam que seria uma pessoa pouco preparada para as calorosas discussões. Logo perceberam o engano, ela era muito estudiosa nos assuntos tratados e enfrentou eles magnificamente bem,” disse Cesar Cardia, amigo e colega que representava o Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho no Conselho.
 
Um dos representantes das ONGs do Sul do Brasil no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), Tadeu Santos representante da ONG Sócios da Natureza, anunciou que vai ocupar a tribuna livre da primeira plenária do ano, em 18 de março em Brasília, para homenagear Carolina e ressaltar a sua contribuição para realizar o I e II EFAMUC, em Araranguá (SC). Estes encontros tratam sobre fenômenos naturais, adversidades e mudanças climáticas da Região Sul e ocorrem desde que o Furacão Catarina aconteceu em 2004. “Admirava o lado profissional dela, era meiga e muito capacitada, sentimos muito a sua perda,” disse.

O Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS), que mantém a EcoAgência, lamenta a morte de Carolina Herrmann Coelho de Souza e se solidariza à família, aos amigos e a todas as pessoas que a conheceram e que, como ela, por vezes, abriram mão de estar com suas famílias para lutar por o que acreditavam.
 


Colisão frontal
No início da tarde de 12 de fevereiro Carolina e seu companheiro, Danilo Siqueira, que estavam no veículo Pálio Weekend, foram vítimas de uma colisão frontal no quilômetro 47 da rodovia RS-235 entre Canela e São Francisco de Paula. O motorista de uma Sprinter carregada com bebidas, Cleberson Pereira, 30 anos, relatou aos policiais rodoviários que tentou ultrapassar um caminhão e, ao ocupar a pista contrária atingiu o veículo de Carol. Todos foram levados aos hospitais da região, mas Carolina faleceu à noite. Danilo segue internado em hospital de Canoas (RS) onde recebe doações de sangue. Passou por diversas cirurgias e não corre risco de morte. O motorista da Sprinter teve uma perna quebrada e se recupera.
 
De acordo com o delegado de Polícia de Canela, Vladimir Medeiros, naquela tarde de quinta-feira foi registrada uma ocorrência de lesão corporal, mas como houve uma vítima fatal, instaurou um inquérito por homicídio culposo. Ele informou que enquanto aguarda o resultado das perícias feita pelo Instituto Geral de Perícias, está ouvindo o testemunho de pessoas que auxiliaram no socorro no dia do acidente além dos policiais e bombeiros.

EcoAgência

  
  
  
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