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Rio+20

Quarta-feira, 23 de Maio de 2012

 
     

Uma nova roupagem para o “capitalismo marromâ€

  

Semana acadêmica da Economia/UFRGS alerta para a exclusão de pautas da grande conferência que ocorre em junho

  

EcoAgência/EF    
Clitia Martins e Cleyton Gerhardt na Semana Acadêmica da Economia/UFRGS


Por Eliege Fante - Redação da EcoAgência

"Rio + 20: Economia Verde?” foi o tema da oficina realizada no segundo dia (22/05) da Semana Acadêmica da Faculdade de Economia da UFRGS. Clitia Martins, da Fundação de Economia e Estatística – FEE/RS e membro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, ao lado do professor da Faculdade de Ciências Econômicas Cleyton Gerhardt, explicou que o conceito vigente é um ressignificado. Pois, a Green Economy (Michael Jacobs, 1991) se aproxima mais do conceito de Economia Ecológica. E que, a partir dessa ressignificação, tem-se o desacoplamento (decoupling) como base da atual economia verde.

Segundo Clitia, o desacoplamento consiste na “ideia de ‘separar’ a produção do seu impacto ambiental”. Ela explicou que este processo ocorre de duas maneiras: através do “desacoplamento de recursos” com a redução da taxa de uso de recursos primários (água, solo) por unidade de atividade econômica ou o mesmo que aumento da eficiência do uso dos recursos e, através do “desacoplamento de impactos” com o aumento do resultado econômico por meio da redução dos impactos ambientais.

A questão é que não é possível “desacoplar” a produção dos impactos causados. Assim, a economia verde estabelece a permissão para poluir, impõe a precificação da natureza e a privatização de bens coletivos. Gerhardt explica que a escassez dos chamados recursos naturais, somada ao egoísmo intrínseco ou aos desejos ilimitados, cria um tipo padrão, o capitalista, que ignora a existência de outros modos de vida e de outras práticas culturais. “O valor da terra onde residem indígenas de uma tribo no Maranhão, que enterram os seus mortos dentro da oca onde a tribo habita, não é considerado por este sistema,” exemplificou, citando os mais prejudicados pela visão de crescimento dito sustentável: maioria proveniente de países pobres, quilombolas, colonos, pequenos produtores rurais etc.

Gerhardt defende a contraposição à lógica do discurso dominante que sugere uma participação quando esta, verdadeiramente, não ocorre. “Dizem, ‘a humanidade’ sofre com os problemas ecológicos ou o ‘homem’ destrói a natureza, ou ainda, a ‘sociedade’ paga pelos impactos. Mas, quem arca com os riscos do desenvolvimento ou quem são os maiores prejudicados são as comunidades tradicionais.”

O professor alerta que uma mudança neste padrão está fora do debate da Rio+20 e a sua importância sendo ocultada pela busca por consensos. “Não se fala em geopolítica. Se deveria discutir a política e o poder, enxergar as desigualdades, incluir na pauta os assuntos críticos,” destacou Gerhardt.  

Segundo Clitia, a visão da economia ecológica é de que o desenvolvimento pode ser sustentável, mas o crescimento, não. A economista cita a explicação de Daly (2004): “O desenvolvimento sustentável faz sentido para a economia se entendido como a melhoria qualitativa de uma base econômica física que é mantida num estado estacionário pelo transumo de matéria-energia que está dentro das capacidades regenerativas e assimilativas do ecossistema”. Com isso, o decrescimento passa a ser uma alternativa ao modelo vigente. A sua tradução perpassa o conceito de “prosperidade sem crescimento do PIB e da economia” e o alcance do bem viver.

A economista destacou que, a economia ecológica, ao prever a valoração da natureza, admite o valor intrínseco da mesma. Um pensamento que se difere da precificação imposta pela chamada economia verde. Pois, este reconhecimento da riqueza da biodiversidade não deve ser traduzido de uma forma monetária. Para Gerhardt, essa nova roupagem do capitalismo (a economia verde) poderia ser denominada “capitalismo marrom” aludindo à poluição. Clitia concorda que, não há como “esverdear” o sistema capitalista. O caminho que leva a outro paradigma inclui a inserção dos custos ambientais na produção, resguardar a produção e os mercados locais e uma pressão popular para que haja a mudança do modo de produção – em contrapartida à pressão exercida pelos lobbistas das grandes corporações internacionais. 

Ecoagência Solidária de Notícias Ambientais

  
  
  
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