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Observatório de Jornalismo Ambiental

Segunda-feira, 13 de Junho de 2022

 
     

Podcast da Rádio Novelo segue o rastro do dinheiro sujo dos poluidores

  

Apesar de ser uma obviedade, o jornalismo patrocinado por grandes corporações empresariais nunca enfrenta o tema de frente. Essa parece ser a grande contribuição de Tempo Quente

  

Imagem: captura de tela    


Por Roberto Villar Belmonte*

Quem ganha com a mudança do clima no Brasil? Esta é a pergunta que a repórter de ciência e meio ambiente Giovana Girardi começou a responder semana passada com Tempo Quente, novo podcast da Rádio Novelo composto por oito episódios que serão publicados semanalmente até 26 de julho. No primeiro, ela explica em quase uma hora de programa como o carvão mineral ainda queima por aqui.

Girardi, ex-Estadão, segue o rastro do dinheiro sujo, regra de ouro do jornalismo investigativo. O raciocínio é simples. As políticas que visam a transição do modelo de desenvolvimento predador para outro que leve em consideração as riquezas ambientais do Brasil não avançam porque a economia fóssil e do desmatamento dá dinheiro. Trocando em miúdos: tem gente que lucra com a mudança do clima.

Apesar de ser uma obviedade, o jornalismo patrocinado por grandes corporações empresariais nunca enfrenta o tema de frente. Essa parece ser a grande contribuição de Tempo Quente, um podcast jornalístico – realizado com recursos do Instituto Clima e Sociedade e Samambaia Filantropias – que deixa à mostra a raiz do problema exposta pela técnica do “siga o dinheiro”.

Alerta vermelho

Intrigada com o Programa para Uso Sustentável do Carvão Mineral lançado pelo Ministério de Minas e Energia em agosto do ano passado, Giovana Girardi destrincha no primeiro episódio de Tempo Quente o poderoso lobby do carvão instalado em Santa Catarina e com trânsito fácil em Brasília. A repórter entrevista fontes do setor, contextualizando e interpretando as informações para os ouvintes.

Nesta interpretação, Giovana Girardi se posiciona e assume seu lado. Segundo ela, imparcialidade jornalística não pode ser confundida com dar pesos iguais a coisas que não são iguais. “Se eu tenho uma pessoa dizendo que está chovendo e outra que diz que não está chovendo, o papel do jornalista não é dizer que essa história tem dois lados. O papel dele é abrir a janela e ver se está chovendo ou não.”

E foi o que ela fez, abriu a janela para mostrar aos ouvintes a indústria do carvão. Para isso foi até Santa Catarina conferir de perto uma mina considerada modelo em Treviso, no entorno de Criciúma; o Complexo Termoelétrico Jorge Lacerda em Capivari de Baixo; e as ruínas da mina Santana no município de Urussanga que explodiu em 1984 deixando 31 mineiros mortos e um rio amarelo de tanta contaminação.

Novo paradigma

A Rádio Novelo faz parte de um ecossistema midiático emergente que revigora a prática do jornalismo narrativo em áudio no país. Não seria exagero dizer que esta produtora criada em 2019 no Rio de Janeiro está ajudando a consolidar um novo paradigma com suas produções próprias e em parceria. Considero Praia dos Ossos a principal referência. Tempo Quente de Giovana Girardi inspira-se na mesma estética. 

Estes podcasts narrativos têm roteiros em primeira pessoa, narrador posicionado e presente no local dos acontecimentos gravando inclusive os bastidores da produção, o que ajuda o ouvinte a imaginar a cena descrita.  Outra característica importante é a qualidade da edição de áudio. Chama a atenção no expediente destas produções a enorme equipe envolvida nos projetos, de técnicos a consultores.

Tempo Quente teve a consultoria de Cristina Amorim e Claudio Angelo, dois experientes jornalistas ambientais brasileiros, assim como a própria Giovana Girardi responsável pela reportagem e apresentação do novo podcast da Rádio Novelo. Ela também assina o roteiro em parceria com Paula Scarpin e apoio de Bárbara Rubira, Flora Thomson-DeVeaux e Arnaldo Branco.

Amazônia invisível

Uma nova produção ambiental de jornalismo em áudio da Eder Content foi anunciada na semana passada. “Depois de 18 meses de trabalho, 86 entrevistas e 4 mil quilômetros rodados no sudoeste do Pará, a série de podcasts ‘Amazônia Invisível – Uma história real’ começa a ser transmitida no próximo dia 23 de junho pela plataforma da Storytel”, informou o jornalista Flávio Ilha, um dos integrantes da equipe. A conferir.

 

*Texto produzido no âmbito do projeto de extensão "Observatório de Jornalismo Ambiental" por integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS). A republicação é uma parceria com o Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS).Roberto Villar Belmonte é jornalista, professor universitário e membro do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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