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Indígenas

Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2019

 
     

Elo histórico une manifestações de caciques norte-americano e brasileiro, depois de quase dois séculos

  

Passados 164 anos, o dito “homem civilizado “ continua surdo para as mensagem dos povos originários sobre a necessidade de cuidar do planeta e cego para entender que tudo o que ferir a natureza vai lhe atingir também. As mensagens do Cacique Raoni, em 2019, e do Cacique Seattle, em1855, precisam continuar ecoando.

  

Cacique Seattle, da tribo Duwamish


Ecos dos Caciques
 
Carta do Cacique Seattle, da tribo Duwamish, para o Presidente dos Estados Unidos, em 1855, em resposta ao pedido de compra do território de sua tribo.
 
“Tudo quanto fere a Terra, fere também os filhos da terra"
 
Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha para nós. Nós não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água. Como podes então comprá-los de nós?
 
Decidimos apenas sobre o nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias arenosas, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual a outro. Porque ele é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita.
 
A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de exauri-la, ele vai embora. Deixa para trás o túmulo dos seus pais, sem remorsos de consciência. Rouba a terra dos seus filhos. Nada respeita. Esquece a sepultura dos antepassados e o direito dos filhos. Sua ganância empobrecerá a terra e vai deixar atrás de si os desertos.
 
A vista de suas cidades é um tormento para os olhos do homem vermelho. Mas talvez isso seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende. Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem um lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem da primavera ou o tinir das asas de insetos.  ...
 
O ar é precioso para o homem vermelho. Porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar - animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo ele é insensível ao seu cheiro. O homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser certo de outra forma.   ...
 
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo está relacionado entre si.
 
Tudo que fere a terra fere também os filhos da terra.  ...
 
De uma coisa sabemos que o homem branco talvez venha um dia a descobrir:
 
O nosso Deus é o mesmo Deus! Julgas, talvez, que o podes possuir da mesma maneira como desejas possuir a nossa terra. Mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira. E quer bem igualmente ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. E causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo seu Criador.
 
O homem branco também vai desaparecer talvez mais depressa do que as outras raças.  ...
 
Talvez compreenderíamos se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar os desejos para o dia de amanhã.  ...
 
Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."
 


Cacique Raoni Metuktire é ambientalista e chefe do povo indígena Kayapó – Texto (parcial) do original publicado no jornal The Guardian em 2 de setembro de 2019.

 
“Se nossa Terra morrer, nenhum de nós será capaz de viver”
 
 
Descrição: Descrição: http://midianinja.org/files/2019/09/photo5048920351110703184-1024x682.jpg
 
 
Por muitos anos, nós, os líderes indígenas e os povos da Amazônia, temos avisado vocês, nossos irmãos que causaram tantos danos às nossas florestas. O que você está fazendo mudará o mundo inteiro e destruirá nossa casa – e destruirá sua casa também.  ...
 
Pedimos que você pare o que está fazendo, pare a destruição, pare o seu ataque aos espíritos da Terra.
 
Quando você corta as árvores, agride os espíritos de nossos ancestrais. Quando você procura minerais, empala o coração da Terra.
 
E quando você derrama venenos na terra e nos rios – produtos químicos da agricultura e mercúrio das minas de ouro – você enfraquece os espíritos, as plantas, os animais e a própria terra.
 
Quando você enfraquece a terra assim, ela começa a morrer.
 
Se a terra morrer, se nossa Terra morrer, nenhum de nós será capaz de viver, e todos nós também morreremos.
 
Por que você faz isso?
 
Você diz que é para desenvolvimento – mas que tipo de desenvolvimento tira a riqueza da floresta e a substitui por apenas um tipo de planta ou um tipo de animal? ...
 
Então, por que você faz isso?
 
Podemos ver que é para que alguns de vocês possam obter uma grande quantia de dinheiro. Na língua Kayapó, chamamos seu dinheiro de piu caprim, “folhas tristes”, porque é uma coisa morta e inútil, e traz apenas danos e tristeza.
 
Quando seu dinheiro entra em nossas comunidades, muitas vezes causa grandes problemas, separando nosso pessoal. E podemos ver que faz o mesmo em suas cidades, onde o que você chama de gente rica vive isolada de todos os outros, com medo de que outras pessoas venham tirar seu piu caprim. Enquanto isso, outras pessoas passam fome ou vivem na miséria porque não têm dinheiro suficiente para conseguir comida para si e para seus filhos.
 
Mas essas pessoas ricas vão morrer, como todos nós vamos morrer. E quando seus espíritos forem separados de seus corpos, seus espíritos ficarão tristes e vão sofrer, porque enquanto vivos fizeram com que muitas outras pessoas sofressem em vez de ajudá-las, em vez de garantir que todos os outros tenham o suficiente para comer, antes de alimentar a si próprio, como é o nosso caminho, o caminho dos Kayapó, o caminho dos povos indígenas.
 
Você tem que mudar a sua maneira de viver porque está perdido, você se perdeu. Onde você está indo é apenas o caminho da destruição e da morte. Para viver, você deve respeitar o mundo, as árvores, as plantas, os animais, os rios e até a própria terra. Porque todas essas coisas têm espíritos, todas elas são espíritos, e sem os espíritos a Terra morrerá, a chuva irá parar e as plantas alimentares murcharão e morrerão também.
 
Todos nós respiramos esse ar, todos bebemos a mesma água. Vivemos neste planeta. Precisamos proteger a Terra. Se não o fizermos, os grandes ventos virão e destruirão a floresta.
 
Então você sentirá o medo que nós sentimos.
 
 
 
 
 
 
...
Jornal Bem Estar/EcoAgência

  
  
  
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Autorizada a reprodução, citando-se a fonte.
 
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