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Dia dos Povos Indígenas

Quarta-feira, 19 de Abril de 2023

 
     

Equanimidade como critério na produção de pautas indígenas

  

Anápuàka M. Tupinambá Hã hã hãe denuncia o racismo que dificulta a contratação de jornalistas indígenas nas redações das empresas de comunicação e a cobertura desigual 

  


Por Redação da EcoAgência*

A presença indígena no jornalismo tem desenvolvido-se mais no âmbito da etnomídia indígena do que nas redações das empresas de comunicação em geral. Segundo Anápuàka M. Tupinambá Hã hã hãe, é preocupante a invisibilidade desses profissionais formados através das dificuldades para a contratação, o que atribui ao racismo. Ele acredita que as empresas deveriam contratar consultoria de comunicadores indígenas também para produzirem as notícias, além de promover a diversidade nas redações. Este comunicador palestrou sobre “Diversidade, equidade e igualdade na mídia” em evento recente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) (assista aqui).  

    

Anápuàka afirmou que a comunicação étnica busca a equanimidade: “Passamos a impulsionar populações indígenas a construírem suas narrativas, comunicações da sua própria história, e assim contribuir para combater, com informações, o racismo estrutural local, a perseguição política, o coronelismo local.” 

 

A ideia da equanimidade também pode ser adotada nas redações desde uma ampla compreensão do que é pauta indígena: “A grande mídia só compreende os povos indígenas no mês de abril, quando viramos pauta. Pauta indígena não é sobre terra nem social, é uma pauta econômica para o país. A comunicação brasileira, a política, a educação, e a própria cultura brasileira, devem entender que povos indígenas são uma pauta econômica, que depois vem os outros setores, porque ao falar de demarcação de terra no país, estamos falando de 523 anos de invasão, de roubo de terra no país.” 

 

Pioneiros

Anápuàka começou a aprender comunicação indígena com o “Programa de Índio”, veiculado pela rádio da Universidade de São Paulo (USP) entre 1985 e 1991, um dos objetos de estudo da jornalista e pesquisadora Vilma Reis, que desenvolve tese de doutorado em Portugal. Em entrevista (ouça aqui) ela adiantou que o objetivo é investigar qual a origem do jornalismo produzido por indígenas. O marco inicial estabelecido por Vilma foi a atuação do deputado Mário Juruna, que ao utilizar um gravador de fitas K7 para registrar as falas dos não indígenas, contribuiu com o jornalismo de múltiplas formas. Essas falas foram transcritas e publicadas em  livro em 1982 e, em 2009 parte das gravações originais foram disponibilizadas na internet (confira aqui). 

 

A atuação de Mário Juruna inspirou, segundo Vilma, a criação do “Programa de Índio”, por Ailton Krenak e Álvaro Tukano. Através deste percurso histórico, que chega aos dias atuais acompanhando o trabalho da Amazônia Real, co-criada pela jornalista indígena Elaíze Farias, a pesquisadora quer descobrir quem são e quantos são os jornalistas indígenas formados sob a inspiração dos pioneiros.  

 

Um rol com os perfis atuais em rede social de comunicadores e jornalistas indígenas está no “Minimanual Como cobrir temas indígenas - Recomendações de jornalistas indígenas a jornalistas não indígenas”, um trabalho realizado pelo Núcleo de Ecojornalistas (NEJ-RS) em 2022 com o apoio da Fundação Luterana de Diaconia. As palestras de profissionais indígenas realizadas durante o minicurso Jornalismo indígena para jornalistas não indígenas (confira a playlist) foram sintetizadas no Minimanual que pode ser baixado gratuitamente. A finalidade é qualificar a produção noticiosa em geral para uma maior compreensão sobre acontecimentos de interesse público, em especial a imprescindibilidade da demarcação e homologação dos territórios indígenas, além da rejeição da tese do Marco Temporal pelo Supremo Tribunal Federal. 

 

 

Texto e card:

* Eliege Fante, editora da EcoAgência e supervisora de estágio.

*Alice Rodrigues, estudante de Comunicação Social habilitação Jornalismo, sétimo semestre, na Universidade Federal de Santa Maria campus Frederico Westphalen-RS (UFSM), orientanda da Profa. Dra. Cláudia Herte de Moraes.

 

 

 

 

 

 

 

 

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