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Rio+20

Quinta-feira, 12 de Abril de 2012

 
     

Rio+20 quer entrar para a História pelos processos que vai desencadear

  

O embaixador André Corrêa do Lago ressalta que o objetivo não é "criar um documento" e afirma que presença de Obama no evento não é tão importante quanto sua reeleição como presidente dos EUA.

  


Por Clarissa Vasconcellos - Jornal da Ciência

Em consonância com o secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Sha Zukang, que recentemente afirmou que a Rio+20 quer "menos papéis e mais ações", o embaixador e negociador-chefe do Brasil para conferência, André Correa do Lago, explicou nesta quarta-feira (11), durante um seminário realizado para jornalistas no Rio de Janeiro, que o objetivo do evento é entrar para a História pelos processos que vai estabelecer. "O documento [final] em si não será o resultado da Rio+20 e sim os processos que ela vai lançar", destaca, diminuindo a pressão em cima do que está se chamando de "rascunho zero" ou "O futuro que queremos".

Por processos, entendem-se ações e decisões que mudarão o curso das atitudes de governantes e da sociedade. Entre elas, mudanças nos padrões de consumo, o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a criação de um comitê de desenvolvimento sustentável.

A Rio+20, que acontece de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro, "faz parte da família de conferências que olham a longo prazo", explica, dando como exemplo a criação de duas conferências-quadro de debates regulares, como a de mudanças climáticas, durante a Rio-92. "A Rio-92 marcou o Brasil e o mundo e queremos que isso se repita com a Rio+20", compara. Ele ressaltou que, ao contrário do que se pensava há vinte anos, "não existe uma fórmula ou solução para todos os países" e que as nações terão que adaptar as regras. E lembrou a importância da participação da população na época da Rio 92, outro marco do evento.

Participação da sociedade civil - Em 2012, embaixador revelou que a conferência pretende ampliar a participação da sociedade civil por meio de um fórum on-line (www.riodialogues.org), a partir do próximo dia 16, onde até 400 mil pessoas poderão participar. As discussões serão coordenadas por 27 universidades (nove de países desenvolvidos, nove de países em desenvolvimento e nove brasileiras). As sugestões serão selecionadas e votadas em uma segunda etapa, até chegarem a uma dezena de temas. Estes funcionarão como pautas para as discussões que ocorrerão em espaços abertos para a população em locais como o Aterro do Flamengo, a Quinta da Boa Vista e o Parque dos Atletas, próximo ao Riocentro. No fim, três temas serão levados aos chefes de Estado.

Correa do Lago lembra que a sociedade, por meio de setores como o empresariado, a academia e as comunidades indígenas, por exemplo, já está participando no processo preparatório da conferência, mas que a medida é uma forma de ampliar a discussão ao cidadão comum que não tem acesso a esses grupos.

O debate da "economia verde" - O embaixador resumiu a Rio +20 em dois grandes temas: economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e instrumentos de governança para o desenvolvimento sustentável. Durante o evento, também será necessário definir definitivamente o conceito de "economia verde", que deveria incluir os três pilares do desenvolvimento sustentável: economia, sociedade e meio ambiente.

O negociador-chefe da conferência no Brasil lembrou que há algumas divergências nesse campo entre alguns países, sobretudo a respeito do futuro do Pnuma. Alguns países desenvolvidos defendem que o programa se torne uma agência, pois, por já terem avançado nas questões econômica e social, preferem tratar o pilar meio ambiente de forma isolada. "No entanto, para os países em desenvolvimento, as três agendas [econômica, social e ambiental] andam juntas de forma natural", ressalta. Por essa razão, alguns dos países em desenvolvimento não apoiariam a criação de uma agência, já que ela isolaria a questão ambiental do conjunto que caracteriza o desenvolvimento sustentável.

Crise, Obama e hotéis - Sobre a atual crise econômica mundial, o embaixador concorda que ela trará um impacto negativo sobre a conferência, mas não o suficiente para afetar seu funcionamento. Inclusive pontua que o momento é propício para a criação de "novos paradigmas" que levariam a mudanças. "A crise ajuda a pensar em alternativas", destaca.

A respeito de outra "crise", a da falta de vagas de hospedagem na cidade para abrigar o evento, Correa do Lago assegurou que o problema não afetará as negociações diplomáticas, mesmo em caso de redução das delegações. Ele lembrou que durante a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-15, em Copenhague, Dinamarca, houve problemas no credenciamento que deixaram pessoas de fora do evento e que até hospedagem na Suécia foi necessário disponibilizar. "É sempre um desafio de logística para a cidade que recebe", relata.

Indagado sobre a possível ausência do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o embaixador disse que o americano está concentrado na sua campanha de reeleição, que poderia inclusive ser mais importante que a própria presença do político na conferência. Isso porque, segundo o embaixador, o governo Obama "quer fortalecer o multilateralismo", condição fundamental para o sucesso das negociações na Rio+20.

Segundo informado na última terça-feira (10), durante o seminário para jornalistas em São Paulo, 80 delegações estão confirmadas e cerca de 100 chefes de Estado já solicitaram às Nações Unidas espaço para pronunciamentos. No entanto, Correa do Lago fez questão de ressaltar que, mesmo sem a presença de alguns chefes de Estado, "todos os países serão representados".

Hoje (12) e amanhã, um encontro com representantes de 45 países será realizado no Palácio do Itamaraty com a intenção de organizar uma conversa menos formal a respeito de temas polêmicos do rascunho zero. De acordo com Correa do Lago, é uma oportunidade de as delegações poderem falar sem a formalidade das rodadas de negociação (sendo uma prévia para a reunião em Nova York em maio), onde não é possível argumentar sem uma posição bem estabelecida. Atualmente, o documento tem cerca de 200 páginas (originalmente tinha 20) devido aos acréscimos desde janeiro, mas deve ser reduzido ao longo dos próximos meses.

Jornal da Ciência/EcoAgência

  
  
  
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