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Orgânicos

Quarta-feira, 27 de Março de 2019

 
     

Agricultores rejeitam uso do galpão da Feira Ecológica do Menino Deus para venda de produtos não orgânicos

  

As Feiras Ecológicas das quartas e sábados atendem aos moradores do bairro Menino Deus há mais de duas décadas e recebem mensalmente milhares de consumidores.

  


Por Marco Weissheimer, Sul 21

Agricultores ecologistas e consumidores da Feira Ecológica do Menino Deus, uma das mais antigas e tradicionais de Porto Alegre, lançaram um abaixo-assinado pela manutenção da exclusividade do uso do galpão da Secretaria Estadual de Agricultura para a realização de feiras com alimentos orgânicos, produzidos sem agrotóxicos. Hoje, a Feira Ecológica é realizada às quartas-feiras e aos sábados.
 
A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), em parceria com entidades como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) planeja utilizar o galpão nos outros dias para “criar um espaço de comercialização para agroindústrias familiares que estejam legalizadas no Programa Estadual de Agroindústria Familiar”, o que abriria a possibilidade de venda de produtos não orgânicos no espaço que é hoje um reduto tradicional da agroecologia na cidade.
 
“Pretendemos dar uma melhor utilização ao espaço, oferecendo mais oportunidades aos agricultores familiares e opção ao consumidor, sem qualquer prejuízo à tradicional feira da agroecologia”, disse o secretário Covatti Filho.
 
Essa medida, assinalam os organizadores do abaixo assinado, acarretaria inúmeros prejuízos para os feirantes ecológicos que ali exercem suas atividades há 24 anos ininterruptos no pátio interno da Secretaria. As Feiras Ecológicas das quartas e sábados, acrescentam, “atendem aos moradores do bairro Menino Deus há mais de duas décadas e recebem mensalmente milhares de consumidores que acorrem a elas em busca de saúde, de hortifrutigranjeiros orgânicos, certificados e de qualidade”.
 
Elas estão entre as mais antigas em funcionamento no país, empregando centenas de famílias de agricultores, organizadas em cooperativas, associações e grupos familiares. Além disso, aponta ainda o abaixo-assinado, as “feiras recebem, semanalmente, visitas de delegações de Universidades públicas do Brasil e do exterior, de escolas públicas e particulares, constituindo-se como importante ponto de referência para inúmeras pesquisas referentes à alimentação saudável”.
 
A agricultora Márcia Riva, que participa da Feira Ecológica do Menino Deus, relata que os feirantes pediram, há cerca de um mês, uma audiência com o secretário Covatti Filho para conversar sobre o tema, mas até agora não obtiveram retorno. As comissões organizadoras das feiras de quarta e de sábado decidiram empreender uma série de ações conjuntas, entre elas uma campanha de comunicação junto à população do bairro para divulgar o que é orgânico e o que é convencional. “Essa medida vai na contramão da tendência atual de crescente interesse da população por alimentos orgânicos, produzidos sem agrotóxicos”, disse Riva.
 
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que, nos próximos cinco anos, o câncer deve ser a principal causa de mortes no Brasil. Em 2015, o Inca divulgou uma nota oficial chamando a atenção para os riscos que a exposição ao glifosato e a outras substâncias representam para a saúde dos brasileiros. “Os agrotóxicos utilizados na produção da maioria dos alimentos no Brasil causam danos ao meio ambiente e à saúde do produtor rural e do consumidor. Sempre que possível, dê preferência aos alimentos agroecológicos ou orgânicos”, afirma o Inca em sua página.
 
Breve histórico da Feira
 
A origem da feira do Menino Deus remonta a 1994, quando foi criada a Feira da Cultura Ecológica, no pátio da Secretaria Estadual da Agricultura, com os feirantes reunidos sob uma lona improvisada. Inicialmente, a feira ocorria apenas nos sábados. Em função da grande demanda, em 1999 foi criada no mesmo local a Feira da Biodiversidade, que passou a funcionar nas quartas-feiras. Em 2001, durante o governo Olívio Dutra, foi construída uma cobertura, com apoio do Banrisul e parceria com a Secretaria da Agricultura, que passou a substituir as lonas que abrigavam os feirantes. Em 2016 foi realizada uma reforma, onde os agricultores custearam mais de R$ 50 mil para a melhoria da estrutura do local.
Sul 21/EcoAgência

  
  
  
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