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Terça-feira, 25 de Outubro de 2016
  
Candiota deve fechar

O grave perigo da contaminação atmosférica de Candiota não se circunscreve à planta, mas que viaja muitos quilômetros ao redor,
impulsionada pelo capricho dos ventos e favorecida pela grande altura de suas chaminés.

  
Por Hernán Sorhuet Gelós
  

Já se passaram 30 anos desde que soaram os primeiros alarmes sobre osperigos para nosso país apresentados pela poluição produzida pelausina termelétrica "Presidente Médici", localizada no município deCandiota, a apenas 40 quilômetros da fronteira do departamento de Cerro Largo, no Uruguai.  Esta planta é usada para gerar eletricidade a partir do calor liberado pela queima de carvão mineral, que é convertido em eletricidade por meio de alternadores.

Esta é a pior opção para geração de energia elétrica disponível, porque emite grandes quantidades de dióxido de carbono (o gás de efeito estufa que mais provoca o aquecimento global), partículas em suspensão, óxidos de enxofre (um dos responsáveis pela "chuva ácida") e de nitrogênio, assim como resíduos de metais pesados, para a atmosfera. Um coquetel muito pernicioso para a saúde ambiental e humana, e responsável pelo aumento do aquecimento global.

Porque se escolhe esse caminho? Fácil. Porque são centrais de construção barata, devido à simplicidade de seu equipamento, em
comparação com as outras alternativas. No entanto, seus custos seriam inviáveis se lhes fosse exigido o estrito cumprimento das disposições ambientais vigentes nos países.

O que queremos dizer é que, como em muitas outras áreas, desde a própria consideração da viabilidade econômica desses empreendimentos em sua etapa de concepção, se o valor da aplicação rigorosa de todas as medidas de mitigação de contaminação (tecnologia, prevenção, etc.) e de reparação ambiental e sanitária fosse calculado, ficaria evidente que é antieconômico. O custo de produção por quilowatt será muito maior do que o de outras opções.

Portanto, existe uma conivência entre as autoridades – e até da sociedade civil – que permite a execução destes péssimos projetos.
O grave perigo da contaminação atmosférica de Candiota não se circunscreve à planta, mas que viaja muitos quilômetros ao redor,
impulsionada pelo capricho dos ventos e favorecida pela grande altura de suas chaminés.

As populações locais têm tido que se acostumar a lidar com as doenças respiratórias crônicas. Todos sabem quais são as causas, mas a preguiça irresponsável das autoridades locais e estaduais segue permitindo uma deterioração da saúde pública que pode ser evitada perfeitamente.

Semanas atrás o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) do Brasil multou em cerca de 25 milhões de dólares e mandou suspender as operações de Candiota, já que esta não tem cumprido com uma série de exigências técnicas para reduzir suas emissões poluentes. Mas alguns dias atrás a Justiça Federal suspendeu a medida, contanto que a usina cumpra dez medidas dispostas por ela. Um assunto que nunca acabará.

Uma sociedade racional e madura deveria ver com clareza que não se deve levar a sério as matrizes energéticas que não sejam renováveis e sadias para o ambiente. Quanto antes possível, devemos descartá-las. Se pensarmos cuidadosamente concluiremos que não é uma moda, senão uma necessidade elementar para defender a qualidade vida das pessoas.

Artigo publicado no jornal El País de Montevidéu, em 28.09.2016.

Tradução: Guilherme Felipe Hidalgo Caumo.

  
             
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