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Terça-feira, 07 de Fevereiro de 2012
  
Conservação das florestas estacionais de altitude no domínio semi-árido do Nordeste do Brasil, uma atitude inteligente

"Conservar esses espaços não desmatando, impedindo a caça e a coleta de plantas, que contribuem para a perda da diversidade biológica, são medidas que devem ser tomadas, pois os brejos de altitudes têm uma grande diversidade biológica e endemismo."

  
Por Teresinha Teixeira da Silva
  

O bioma Caatinga é o principal ecossistema existente na Região Nordeste, estendendo-se pelo domínio de climas semi-áridos, numa área de 73.683.649 ha, 6,83% do território nacional; Está presente nos estados da BA, CE, PI, PE, RN, PB, SE, AL, MA e MG. (Dados do IBAMA). É um tipo particular de vegetação xerófila tropical. De acordo com Branco (2003) o que caracteriza esta vegetação é a sua aparência ressequida, tortuosa e agressiva, como que torturada pelo sol calcicante e pela ausência de chuvas.

De acordo com Reis (1976) a caatinga é um bioma marcado por características extremas dentre os parâmetros meteorológicos: alta radiação solar, baixa nebulosidade, a mais alta temperatura média anual, baixas taxas de umidade relativa, evapotranspiração potencial elevada, e, normalmente, precipitações baixas e irregulares.

Dentro do bioma caatinga, nas áreas mais elevadas, ou seja, nas encostas e topos das chapadas que recebem mais de 1.200mm de chuvas (ANDRADE-LIMA, 1981; PRADO, 2003), a vegetação existente é de floresta mais úmida, diferentemente das formações de caatinga hiperxerófica, com regimes pluviométricos de até 600 mm anuais. Brejo de altitude ou brejo interiorano, são denominações dadas pelos ambientalistas, para essas áreas situadas no interior da Região Nordeste no perímetro das secas, marcado por um clima tropical úmido ou sub-úmido, em alguns casos até mesmo subtropical.

A altitude cria todas as condições necessárias ao desenvolvimento de uma flora que reúne tanto características da Mata Atlântica (floresta Ombrófila Densa) quanto da caatinga (Savana Estépica), contrastando com as áreas circundantes que possuem condições climáticas mais secas. As áreas dos brejos de altitude se tornam áreas de refúgio de flora e fauna, que sofreram isolamento geográfico durante o Pleistoceno e Plioceno superior (Andrade-Lima 1982).

De acordo com Rodal (1998), os brejos de altitudes mais próximos ao interior têm mais similaridades com a caatinga e os brejos mais próximos ao litoral tem mais afinidade com a mata atlântica. Os brejos de altitudes estão presentes em áreas do Planalto da Borborema, Chapada do Araripe, Depressão Sertaneja Meridional, Maciço de Baturité e Costa da Ibiapaba.

De formações vegetais úmidas e subúmidas, os brejos de altitude estão inseridos das na região da Caatinga onde predomina uma vegetação xerófila, típica de ambientes semi-áridos. Essas ilhas de vegetação arbórea mais densa são condicionadas pela orografia, proporcionando um microclima diferenciado, com pluviosidade bem superior à do entorno.

De acordo com Rodal (1998), a floresta típica dos brejos de altitude guarda forte semelhança com a floresta úmida litorânea, ocorrendo espécies vegetais e animais comuns a ambos os ecossistemas; por isso, são consideradas formações disjuntas de Mata Atlântica. Por sua localizaçao nos pontos mais altos, os brejos apresentam característcas botânicas bem particulares em contraste com a caatinga circundante. São tidos como biomas, porém pouco estudados no que se refere à botânica brasileira.

Servindo de abrigo para fauna. Eventualmente abrigam elementos precedentes das áreas mais seca circundante. Esse fator faz dos brejos de altitudes ecossistems exclusivos, caracterizados, sobretudo por diversos casos de endemismo para vertebrados e insetos. Todavia, os brejos de altitudes por apresentar condições de fertilidade e de disponibilidade hídrica atraem agricultores para implantar lavouras, predominantemente de ciclo curto. Tal fato exerce forte pressão predatória sobre esses espaços.

Sofrendo pressão antrópica, esses oásis de vegetação perenifólia no meio da caatinga caducifólia, são setores bastante ameaçados, necessitando-se de medidas como politica de conservação que devem ser implantadas como forma de proteger esses remanescentes de Mata Atlântica. Conservar esses espaços não desmatando, impedindo a caça e a coleta de plantas, que contribuem para a perda da diversidade biológica, são medidas que devem ser tomadas, pois os brejos de altitudes têm uma grande diversidade biológica e endemismo.

Teresinha Teixeira da Silva é Licenciada em Geografia pela URCA, mestrando em Ciências Florestais pela UFCG.

 

  
             
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Autorizada a reprodução, citando-se a fonte.
           
 
  Comentários
  
Kennia Lima - 28/04/12 - 22:43
Muito interessante o texto. Atitudes como a sua contribuem para a preservação de florestas pois passam informações necessárias para o despertar da sociedade.
 
  
  
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