Untitled Document
Bom dia, 29 de mar
Untitled Document
Untitled Document
  
EcoAgência > Notícia
   
Orgânicos

Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2015

 
     

Apesar do alto consumo de agrotóxicos, o Brasil é o quarto maior mercado de produtos saudáveis

  

Mercado de orgânicos movimenta 35 bilhões de dóla­res ao ano no Brasil 

 
  


Por Paraíba Total

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a agricultura brasileira é, há sete anos, a maior consumidora de agrotóxicos do mundo. Por outro lado — e há aqui uma grande ironia —, o mercado brasileiro de produtos industrializados orgânicos, fabricados com ingredientes que não tiveram contato com agrotóxicos sintéticos e adubos químicos, além de outras características, como o uso de sementes que não são geneticamente modificadas, cresce 25% ao ano desde 2009.


A média mundial é de apenas 6%, segundo a consultoria Euromonitor. Se levarmos em conta outros produtos considerados “saudáveis” — ou seja, com menos ou nada de açúcar, sal e gordura, e mais fibras, vitaminas e nutrientes —, a expansão também é impressionante.

Enquanto as vendas de alimentos e bebidas tradicionais cresceram 67% nos últimos cinco anos no país, as de saudáveis aumentaram 98% no mesmo perío­do. É um mercado que movimenta 35 bilhões de dóla­res ao ano no Brasil. Em 2014, a cifra al­çou o país de sexto a quarto maior do mundo, superando Reino Unido e Alemanha.

Alguns fatores ajudam a entender o que está por trás dessa tendência. “Os brasileiros se mostram bem mais preo­cu­­pados com a saúde que a média global”, diz Adriano Araújo, diretor-ge­ral da operação brasileira da Dunnhumby, empresa de pesquisa do grupo varejista britânico Tesco.

Num levantamento recente com 18.000 pessoas de 18 países, 79% dos brasileiros disseram que saúde e nutrição são prioridade em sua vida. Esse patamar não passa de 55% no Reino Unido e de 66% nos Estados Unidos. Há que interpretar esses números, porém, com certo ceticismo. Pode existir nas pesquisas uma dissonância entre o que as pessoas­ declaram e o que, de fato, praticam.

A despeito de tanta disposição em cuidar da saúde, os brasileiros, assim como o resto do mundo, estão ficando obesos. O Ministério da Saúde revelou, em 2013, que 51% da população do país está acima do peso — em 2006, a taxa era de 43%.

Feita essa ressalva, é inegável que haja um prato cheio de oportunidades no mercado de produtos saudáveis a ser explorado por empresas, supermercadistas e investidores — e eles não têm perdido tempo.

Trata-se ainda de um setor fragmentado, formado por empresas de médio e pequeno porte que crescem rapidamente. Muitas delas nasceram movidas por certa dose de idealismo. É o caso da Jasmine, fabricante de uma gama de produtos orgânicos, que vão de grãos a papinhas de bebê e leite de aveia.

Nos Estados Unidos e na Europa, onde esse mercado está bem mais consolidado, as investidas da indústria e de fundos em negócios promissores de alimentos e bebidas saudáveis começaram há pelo menos duas décadas.

No Brasil, já é possível ver os efeitos do impulso de investidores financeiros nessa área. A trajetória da Mãe Terra, com sede em Osasco, na Grande São Paulo, demonstra exatamente isso. Em 2013, a empresa vendeu 30% de seu capital ao fundo BR Opportunities, que tem o publicitário Nizan Guanaes em seu conselho consultivo.

O varejo vem abrindo espaço — e muito — para a expansão de marcas com apelo de saúde. Nas lojas do Walmart, terceiro maior supermercadista do Brasil, esses produtos crescem a uma taxa três vezes maior que a dos demais itens desde 2013. Por isso, a rede ampliou 10% o sortimento dessa categoria de lá para cá.

No maior supermercadista do país, o Pão de Açúcar, o espaço destinado a acomodar orgânicos quadruplicou nos últimos três anos. Tudo isso para atender à crescente parcela de clientes dispostos a gastar mais por eles. A diferença de preço chega a variar de 20% a 80% entre uma opção e outra.

Na agricultura, as dificuldades são de outra natureza. Ao converter a lavoura do sistema tradicional para o orgânico, é comum o produtor sofrer com uma queda brutal de produtividade. Isso porque ele deixa de contar com as vantagens do arsenal quí­mico e precisa esperar para ver os benefícios da biodiversidade — plantas, fungos, insetos, aves e mamíferos, que, segundo os adeptos da produção orgânica, ajudam a fertilizar a terra e a controlar as pragas.
 

  
  
  
Untitled Document
Autorizada a reprodução, citando-se a fonte.
 
Mais Lidas
  
Untitled Document
 
 
 
  
  
  Untitled Document
 
 
Portal do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul - Todos os Direitos reservados - 2008