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Jornalismo Ambiental

Sábado, 03 de Agosto de 2013

 
     

Bioconstrução na busca pela sustentabilidade também nas habitações

  

Para a camponesa de Paraíso do Sul que financiou a técnica da Bioconstrução por meio do teto verde na sua casa “a maior diferença é o conforto térmico, a absorção do barulho da chuva e do vento, sem esquecer da melhoria da qualidade de vida e da autoestima”

 
  

Ébida Santos    
Centro de Educação Ambiental com técnicas de Bioconstrução começa a ganhar forma em Seberi, norte gaúcho


Por Adilvane Spezia*

A construção civil é uma das atividades que mais degradam o meio ambiente e debater a sustentabilidade na arquitetura tem sido um campo bastante fértil e que traz inovações. Uma bioconstrução quando bem feita pode durar muitas décadas. Outro aspecto, é que ela é primitiva e contemporânea ao mesmo tempo. “Algumas técnicas foram sendo aprimoradas em termos de tecnologia, adaptadas para cada região, mas a forma de fazer é a mesma; se buscarmos numa oca indígena ou nas termas romanas e nos prédios contemporâneos, vamos encontrar conceitos de Bioarquitetura, mas cada um em sua área,” explicou o arquiteto e urbanista, pós-graduando em Tecnologia da Arquitetura, Diego Bertoletti da Rocha. A definição de Bioconstrução ganhou derivações ao longo dos anos, como Bioarquitetura, Arquitetura Ecológica ou, Arquitetura Sustentável, com a qual Rocha trabalha. 

De acordo com André Luis Jaeger Soares, o conceito de Bioconstrução engloba diversas técnicas da arquitetura vernacular mundial (aquela que aplica os recursos do próprio ambiente). Algumas delas com centenas de anos de história e experiência, tendo como característica a preferência por materiais do local, como a terra, diminuindo gastos com fabricação e transporte, construindo habitações com custo reduzido e que oferecem excelente conforto térmico. Outra vantagem é a construção de ambientes sustentáveis por meio do uso de materiais de baixo impacto ambiental, adequação da arquitetura ao clima local e tratamento de resíduos. As técnicas são várias, dentre elas: Superadobe ou terra ensacada (sacos com terra compactada para fazer as paredes e coberturas); Adobe (tijolos de barro e palha, modelados e secos naturalmente); Taipa de Pilão (terra socada com um pilão dentro de uma forma chamada taipa); Solocimento (produção de tijolos com areia, argila e cimento, sem ser queimados); Ferrocimento (argamassa de cimento e areia sobre uma trama vergalhões finos cobertos por tela de galinheiro e fio galvanizado, amarrados). 

Preservar, recuperar e criar novos hábitos tem sido preocupações constantes de uma parcela considerável da população, mas será que quando falamos de moradias estas mesmas preocupações aparecem? Em Frederico Westphalen (RS) algumas casas, espaços comerciais e de lazer já usufruem destas técnicas. Porém, não é fácil construir ou modificar um imóvel a partir das técnicas da Bioconstrução, principalmente, devido ao aspecto financeiro.
 
As agências bancárias trabalham com o Programa Minha Casa Minha Vida, que segundo o Gerente de Negócios do Banco do Brasil, Ronaldo Ramos Martins, tem entre seus requisitos de acesso “o reaproveitamento de materiais, uso racional dos recursos naturais, medidas alternativas de baixo custo, aquecimento de água, materiais degradáveis para construção”. Mas, as linhas de crédito e/ou financiamentos para a instalação de técnicas sustentáveis (placa solar, cisternas, sistema de aquecimento da água, etc), se encontram à parte dos programas de crédito para habitação, sejam elas rurais ou urbanas.
 
Conseguir financiar a obra tem sido o grande problema, porque mesmo que um projeto possua vários requisitos de sustentabilidade ele pode não ser aprovado, conforme Rocha. “Hoje falar em sustentabilidade é colocar mais cifras, custa mais caro, virou uma moda e ao mesmo tempo em que se popularizou se elitizou, tornando-se muito caro para quem for construir se não conseguir financiar parte deste valor,” disse. 
 
Para a camponesa de Paraíso do Sul, Rosiéle Ludtke, que teve sua casa financiada por meio do Programa Nacional e Habitação Rural (PNHR), e usufrui da Bioconstrução por meio do teto verde “a maior diferença da casa de alvenaria para a atual é o conforto térmico, a absorção do barulho da chuva e do vento, sem esquecer da melhoria da qualidade de vida e da autoestima”.
 
Bioconstrução no centro
Em Seberi (RS) está em construção um Centro de Educação Ambiental a partir de técnicas da Bioconstrução. A iniciativa é do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e vai servir de referência para a região visando à formação teórica e prática e a socialização de experiências. 
 
“Por meio do Projeto de Implantação de Agroflorestas e Centros Territoriais de Educação Ambiental, o Centro de Educação Ambiental será também um ambiente de formação, produção agroecológica diversificada, implantação de agroindústrias, recuperação e preservação ambiental, conhecido também por Alimergia,” destacou a integrante da coordenação estadual do MPA, Débora Varoli. 
 
Os trabalhos na área tiveram início em abril de 2013 com a construção do acesso ao local, nivelamento e terraplanagem do terreno. A área construída chegará a 1,6 mil metros quadrados. Está em andamento o piso do primeiro bloco e a fundação do segundo bloco. O próximo passo será a construção das paredes. O diferencial da obra está nas técnicas de Bioconstrução, como as paredes em barro e pedra bruta e a cobertura de teto vivo com plantas de pequeno porte. “A planta final do projeto prevê a implantação de agroindústrias que viabilizarão a estrutura, além do Centro de Educação Ambiental, a conclusão da obra está prevista para o final de 2014”, concluiu Débora.
 
O MPA possui dois centros de formação, este que está sendo construído em Seberi, que abrange o norte do Estado e, o Centro São Francisco de Assis em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, que abrange a região centro-sul gaúcha. Ambos têm o mesmo objetivo, utilizar a Bioconstrução como ferramenta para garantir a sustentabilidade na arquitetura e aproximar as pessoas da natureza.  
 
 
*Acadêmica de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria, campus Frederico Westphalen, autora da reportagem com a orientação da Professora Cláudia H. de Moraes. Edição de Eliege M. Fante, especial para a EcoAgência. 
 
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