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Comunicação Ambiental

Quinta-feira, 25 de Março de 2010

 
     

O desafio do jornalista no século XXI é ser ambiental

  

O jornalista Reges Schwaab disse, citando o jornalista uruguaio Hernán Sorhuet Gelós, que no século XXI todo jornalista tem que ser ambiental, ou seja, ao considerar esta dimensão, estará completando a lacuna do jornalismo vigente, focado no jornalismo econômico e desligado também do social.

  

Eliege Fante/EcoAgência    
Liana John, Jornalista Ilza Girardi, Reges Schwaab


Por Eliege Fante - Redação da EcoAgência

A crítica ao mundo cartesiano e a constatação de uma convergência de crises – econômica, social e ambiental-, está levando estudiosos, filósofos e religiosos, principalmente, a buscarem a compreensão de uma nova visão de mundo, de um olhar holístico sobre a realidade, de um paradigma sistêmico como aquele preconizado em A teia da vida, livro de 1996, do físico Fritjof Capra. Sendo este, um dos autores que fundamenta o estudo do Jornalismo Ambiental, que vem sendo desenvolvido tanto no curso da graduação em Jornalismo quanto no de mestrado em Comunicação e Informação da UFRGS, e foi citado pelo doutorando nesta Universidade, jornalista Reges Schwaab. Conforme explicou, citando as palavras do jornalista uruguaio Hernán Sorhuet Gelós, “no século XXI todo jornalista tem que ser ambiental”, ou seja, ao considerar esta dimensão, estará completando a lacuna do jornalismo vigente, focado no jornalismo econômico e desligado também do social. 
 

Ao que a editora executiva da revista Terra da Gente, vencedora da categoria Impresso do 90 Prêmio de Reportagem sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica, Liana John, com experiência de 30 anos em jornalismo, concorda. “2010 começou com enchentes e destruição no Sul e Sudeste do Brasil, seca na Amazônia, terremotos no Haiti e no Chile, uma pequena mostra do que vem ai com o aquecimento global e as mudanças climáticas. Mas, o que vimos foi um jornalismo superficial, que buscou a espetacularização da notícia. Faltou dar peso à coisa, colocar a nossa parcela de responsabilidade,” completou.
 

O encontro aconteceu durante o Figa 2010 e o público composto mais por biólogos, advogados, estudantes, gestores ambientais, professores, ambientalistas, administradores e economistas do que por jornalistas, estavam curiosos para conhecer a realidade do jornalista de redação que, por exemplo, aborda o tema das mudanças climáticas como se o Brasil e o Rio Grande do Sul estivessem livres das consequências. Ou, pior, não aborda problemas imediatos nas comunidades nas quais estão inseridos, como lembrou a bióloga, doutora em Ecologia, Luiza Chomenko, sobre a negligência da imprensa referente a poluição na Ilha dos Marinheiros em Rio Grande.
 

Segundo Liana, há muitos fatores. O primeiro deles se deve às sucessivas crises das empresas de comunicação e ao enxugamento das redações, o que gerou uma sobrecarga de trabalho ao jornalista, que obrigado a executar diversas pautas num único dia, e para todos os veículos da empresa (o chamado jornalista multimídia), não tem tempo para aprofundar a reportagem. O problema da formação dos jornalistas também atrapalha, pois muitos recém-formados chegam ao mercado de trabalho despreparados, mesmo após ter frequentado a academia durante quatro anos. E, ainda, ela citou os jornalistas que não saem da redação, que obtém os dados apenas através de telefone ou internet. O que é muito grave por que o jornalismo está diretamente ligado ao cotidiano das pessoas, ou seja, é visto e sentido, como se diz, “na rua”.
 

Reges destacou o foco no exótico constatado nas matérias dos veículos da imprensa. “É preciso pensar uma matéria baseada no princípio da sustentabilidade, pensar como resolver problemas locais, como o do transporte público, saber que as pessoas comuns também são importantes e que podem ser fontes, pois são elas que promovem ações que podem ser replicadas na comunidade,” sugeriu, ao citar o exemplo de uma comunidade que tentou noticiar uma mobilização em defesa de um bosque numa cidade do interior de Mato Grosso, mas que ouvia dos jornalistas, que não havia pauta. O que acabou desmentido com a ação da comunidade e o trabalho dos estudantes que produziram um jornal com as pautas geradas a partir do conhecimento do local, seus problemas e suas oportunidades.
 

A questão da linha editorial do veículo não foi esquecida. Muitas vezes, o jornalista leva uma pauta da comunidade, mas o editor corta a matéria “cirurgicamente”, como dizem. Isso, quando não a engavetam. A resposta de Liana a esta situação é: seja teimoso. Ela acredita que o editor pode ser vencido pelo cansaço, que o jornalista deve encontrar os mais variados ângulos para abordar o tema, até que, um dia, a matéria seja publicada. E, pautas não faltam. Os jornalistas citaram um, dentre tantos exemplos, o acompanhamento das reuniões dos comitês de bacias hidrográficas, onde se encontram estudiosos que debatem a questão da água de diversas formas e, na maioria das vezes, o repórter vai buscar uma matéria e volta à redação com duas ou mais.

Os jornalistas estiveram reunidos na tarde de ontem, 24, no painel “O papel da comunicação na geopolítica da água”, durante o Fórum Internacional de Gestão Ambiental – Água, o Grande Desafio, Figa 2010, no Hotel Plaza São Rafael.


 

Mais informações:

http://jornalismoemeioambiente.wordpress.com/

http://twitter.com/regesschwaab

http://twitter.com/ecoagencia

http://www.scribd.com/doc/25834286/Pensando-o-Jornalismo-Ambiental-na-otica-da-sustentabilidade

http://eptv.globo.com/terradagente/

EcoAgência

  
  
  
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