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Por Júlio Oliveira, de BrasÃlia, para EcoAgência de NotÃcias Ambientais Pouca gente que não é da região do Centro Oeste brasileiro e proximidades, conhece o Pequi, a Mangaba, Gabiroba, Murici, Ariticum ou o Jatobá. Todos são frutos nativos do Cerrado brasileiro, segundo maior bioma do Brasil, com a maior biodiversidade nas savanas do planeta, e região onde estão localizadas as três nascentes das bacias hidrográficas mais importantes do país, São Francisco, Amazonas e Paraná. Para promover o conhecimento e divulgar os projetos sócio ambientais no bioma, atualmente o mais ameaçado do país, o Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN) realizou um Dia de Campo, em que jornalistas, blogueiros e comunicadores foram convidados a conhecer um ciclo de produção baseada na agroecologia, e no agro extrativismo, realidade já consolidada no assentamento Colônia I, onde 23 famílias de agricultores vivem no município de Padre Bernardo (GO), distante aproximadamente 80 Km de Brasília.
Por meio do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-ECOS), são realizadas ações de apoio ao desenvolvimento de métodos sustentáveis em atividades de capacitação, técnicas ecológica, infra-estrutura, geração de renda e qualidade de vida dos trabalhadores rurais. Desde 1994 o (PPP-ECOS) já apoiou 318 projetos, todos voltados para o bioma Cerrado, atualmente a idéia é integrar o bioma Catinga.
Ao chegar no assentamento Colônia I, o agricultor familiar Wátila dos Santos faz um relato sobre como funciona a produção de alimentos e fitoterápicos com a atividade agro extrativista de frutos, sempre respeitando os ciclos de cada espécie de plantas e garantindo a conservação do bioma e a subsistência das famílias, a maior fonte de renda vem do cultivo agro ecológico de hortaliças. Na horta é visível a qualidade das verduras e legumes e como a integração com a floresta contribui a boa qualidade e umidade das plantas. O agricultor diz que 80% da área é totalmente preservada e 100% do assentamento tem produção agro ecológica, tornando possível a manutenção de várias espécies de fauna e flora da região.
Em uma breve caminhada foi possível encontrar diversas árvores e plantas frutíferas, típicas do bioma Cerrado e também variadas plantas de uso fitoterápico como Mama Cadela, Pau Santo, Bolsa de Pastor, Chapéu de Couro, entre outras. Ele também observa que é evidente a interferência das mudanças climáticas na produção de frutos e como conseqüência é necessário adaptar e diversificar o ciclo de colheitas. A fauna local também é bastante diversa nas áreas do assentamento, araras, tucanos, tatus, quatis, corujas, famílias de lobo guará e até mesmo felinos como o puma e a jaguatirica, são alguns dos animais que habitam as florestas. O assentamento se organiza dividindo grupos de trabalho, seu José Vitorino é pai de Wátila e junto com ele integra o grupo Vida e Preservação que são em sua maioria homens que se dedicam à horta e a colheita de frutos.
O outro grupo, Sabor do Cerrado, é formado por 11 mulheres que se dedicam a produção de alimentos como biscoitos e tortas a serem comercializados para feiras e coquetéis. São as mulheres que também promovem a troca de sementes entre comunidades vizinhas. No assentamento, as famílias produzem 40 a 50 Kg de orgânicos por semana, entre 40 á 45 variedades de produtos. O projeto também conta com o apoio de profissionais chefs de cozinha como a integrante do movimento Slow Food, Marilde Cavaletti. A gestora do PPP-ECOS, Isabel Figueiredo, faz um relato sobre como o programa realiza o gerenciamento das ações do projeto nas comunidades, implementando o modo de agricultura ecológica e de agro extrativismo e proporcionando o acesso de políticas públicas de incentivo ao setor, como o crédito rural “Ao observar que às comunidades praticam um modelo sustentável que tem viabilidade e geração de renda, outras comunidades se sensibilizam e passam a acreditar e praticar este modelo, envolvendo-se ao projeto.“ afirma Isabel.
Um dos objetivo do PPP-ECOS é que às comunidades alcancem a autogestão em todos os processos que compõe o ciclo. Outra etapa importante está na comercialização de produtos, além da realização de feiras na capital Brasília e vendas diretas ao consumidor por tele entrega, o projeto conta com a participação da cooperativa Central do Cerrado que promove a distribuição de produtos do cerrado para mercados, restaurantes e outros estabelecimentos. Tem como eixo a economia solidária e é formada por 35 organizações comunitárias em sete estados brasileiros.
RIO+20
O ISPN estará divulgando seus projetos e participando dos debates a RIO+20, afirmando o modelo sócio ambiental da produção ecológica como alternativa consolidada para conservação do bioma Cerrado. Atualmente o bioma tem a taxa de desmatamento mais alta do Brasil com 15 mil Km² por ano, superando o índice da Amazônia. Os produtos dos assentamentos serão expostos aos participantes do encontro. O Instituto tem como modelo o “Small Grants Programe” programa que tem financiamento do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF) e executado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Ecoagência Solidária de NotÃcias Ambientais
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