Batizada séculos depois de ser descoberta por Fernão de Magalhães em 1520, a Patagônia teve seu nome extraído de uma novela espanhola cujo personagem era um gigante. Referência aos primeiros seres humanos avistados na região, os Tehuelches, índios com estatura média superior a dois metros de altura.
As “lendas” da Patagônia misturam histórias e estórias e é fácil entender por quê. Ali as referências de distâncias e tamanhos mudam internamente no observador. Tudo é grandioso e intenso.
Falésias douradas pelos raios de sol facilmente se transformaram em castelos de ouro no imaginário de piratas e colonizadores dos
séculos passados que, afinal, foram vencidos pela imensidão e aridez das estepes
Assim a Patagônia pôde se manter solene e imaculada por séculos. Lá a conquista é inversa. Basta ter um pouco de sensibilidade para ser definitivamente encantada pela Patagônia.
A Patagônia é a maior região da Argentina com cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados. Nela vivem pouco mais de 700 mil pessoas e não menos do que 2 milhões de pingüins de Magalhães, residentes em 60 colônias litorâneas desde a Península Valdés até a Terra do Fogo.
No verão, são eles que recebem - com um jeito de velho sisudo vestido de fraque – os milhares de visitantes de todas as partes do mundo que na última década vêm descobrindo outras regiões da Patagônia, para além da tradicional Bariloche (ao norte).
Localizada no litoral próxima à Península Valdés, a pinguineira Punta Tombo põe abaixo a idéia do pingüim de geladeira. Lá, as aves vivem em tocas feitas no chão de areia e pedras em temperatura ambiente que supera os 30 graus. Em fevereiro e março os graciosos filhotes estão trocando suas plumas para uma penugem cinza e branca. É como se estivessem entrando na adolescência. Quando terminam a troca, se lançam ao mar. Nos processo migratórios anuais viajam com a corrente marítima até a latitude do Rio de Janeiro-BR.
Punta Tombo é a maior colônia continental de pingüins de magalhães do mundo e foi declarada área natural protegida no fina dos anos 70, depois de um movimento popular em defesa destas aves.
Na época, o governo argentino queria vender cerca de um milhão de pinguins para uma empresa comercial japonesa, sob a alegação de que eles poderiam se proliferar demais e invadir as cidades.
Foi o que bastou para uma professora da cidade de Trelew organizar uma passeata com crianças mascaradas de pingüins. A
população gostou da idéia e aderiu. Em pouco tempo, os pingüins realmente haviam invadido a cidade e a iniciativa virou manchete
nacional.
Na área natural protegida da Península Valdés – considerada patrimônio da humanidade – os pingüins podem ser avistados até o final de março. De janeiro a abril, observa-se elefantes marinhos e orcas (que, afinal, não são da família das baleias, mas dos
golfinhos). Lobos marinhos até junho, mês em que também inicia o fabuloso espetáculo das baleias.
Nada menos que 2.700 baleias procuram os golfos que circundam a península para dar à luz e amamentar seus filhotes até dezembro.
Em terra estão guanacos, tatus, raposas, lobos e outras centenas de espécies. Mas principalmente as rústicas ovelhas, exóticas
mas geradoras da principal atividade econômica (lã e carne). São milhões na Patagônia, ainda que na região de Valdés precisem ser criadas na proporção de um animal para seis hectares devido à escassez de alimento.
A média de precipitação anual é de 200 mm, equivalente ao que chove num mês no sul do Brasil o que limita o crescimento de
pastagens. Soma-se a isto temperaturas que chegam a 40ºC no verão e até 21 graus negativos no inverno.
“Ovelhas que vivem à beira do litoral se acostumaram a beber até água do mar e não raramente são devoradas por orcas, que confundem seu berro com o de filhotes de leão marinho”, explica Martin Navarro, guia cultural e de turismo da Unesco para a Península Valdés. E exímio contador de histórias e lendas da Patagônia.
A estranha orgia gastronômica da região de Valdés inclui bandos de gaivotas atacando baleias para bicar a pele e gorduras. Um hábito nocivo e recente, devido ao aumento da população de gaivotas em função da atividade pesqueira predatória.
Saiba mais sobre a Patagônia aqui.
Vera Damian – Exlcusivo para a Ecoagência. A ecojornalista participou com recursos próprios da Expedição Fotográfica para a Patagônia promovida pela Sala de Fotografia.
Veja mais em http://salafotografia.blogspot.com/
Aguarde:
A Conquista da Patagônia - Parte 2