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Rio+20 - Exclusivo/EcoAgência

Sábado, 23 de Junho de 2012

 
     

“Políticas não-sustentáveis que geram desenvolvimento não-sustentávelâ€

  

Pesquisador  Mauro Lambert, do IBGE, aponta a falta de diretrizes claras dos governos para proteger os ecossistemas.

  

Danielle Sibonis/EcoAgência    
Biólogo e pesquisador Mauro Lambert


Por Danielle Sibonis, especial para a EcoAgência de Notícias

Um alerta econômico, social e ambiental - "A relação entre os ecossistemas e o bem-estar humano” - foi o tema da palestra do biólogo e pesquisador do IBGE da Reserva Ecológica do Cerrado de Brasília, Mauro Lambert, nesta sexta (22), na Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro. O pesquisador lamenta a falta do estabelecimento de diretrizes e metas claras para abalizar o desenvolvimento dos países e a retirada de pautas relacionadas à biodiversidade e ao clima devido à dificuldade de consenso na Rio+20.
 
"Os ecossistemas estão no centro do desenvolvimento humano porque provêm uma série de serviços ambientais para o próprio homem", afirma Mauro Lambert, que destaca a extrema necessidade de preservação destes serviços essenciais ao desenvolvimento humano. Ele explica que, entre estes serviços, alguns são indiretos e não são valorizados como deveriam, como a regulação climática, a polinização, a produtividade dos solos, controle de enchentes e pragas, a limpeza da água, atividades executadas naturalmente pelo ambiente e que, contudo, devido às alterações que o homem faz para se desenvolver economicamente, ficam desequilibrados.
 
Outro ponto crítico apontado por Lambert é a poluição e o aquecimento dos mares, que está alterando as algas, principais responsáveis pela produção de oxigênio, serviço ecossistêmico fundamental para a nossa espécie e que dependem exclusivamente da natureza para a sua produção. "Com o nosso modelo de desenvolvimento, estamos afetando todos os ecossistemas e gerando crises sociais”, afirma o pesquisador, acrescentando que, com o aumento populacional, os problemas se agravam. Hoje a população mundial é de aproximadamente sete bilhões de pessoas, enquanto que, até o final deste século, está previsto alcançar os nove bilhões.
 
Políticas não-sustentáveis
 
“A causa da degradação dos serviços ecossistêmicos está em políticas não-sustentáveis que geram desenvolvimento não-sustentável”, defende o pesquisador, advertindo sobre a necessidade de se pensar num modo de mudar a política e construir planos, projetos e diretrizes que protejam os ecossistemas.
 
Mauro Lambert aponta que “o problema do desenvolvimento humano é o grande tempo necessário para reverter os impactos ambientais, porque o tempo da natureza é outro". Ele citou o exemplo dos manguezais, berçário da vida, que perderam 35% de seu território nas últimas décadas, enquanto outros 30% estão sob grave ameaça. Segundo ele, 28% dos estoques pesqueiros marinhos já foram superexplorados. “A alteração do ambiente natural através de picos extremos de temperatura e da poluição retira o sistema de regulação e aumenta a probabilidade de rupturas abruptas”, aponta Lambert. Ele também lembra que, enquanto alguns cientistas dizem que estamos longe deste ponto, outros afirmam que já ultrapassamos o limite.
 
Pilares da sustentabilidade
 
Segundo a Organização das Nações Unidas, a sustentabilidade tem quatro pilares: o ambiental, que envolve a resiliência; o social, que é a distribuição de renda; o econômico, que busca eficiência na utilização dos recursos; e o institucional, que são as governanças e envolve discussões. "Os governos precisam de amadurecimento para ampliar o consenso", afirma Lambert.
 
Para o pesquisador, economia verde consiste em "dar preço para todos os serviços que os ecossistemas prestam, conciliando crescimento econômico, justiça social e estabilidade ambiental". Entretanto, ele destaca que o conceito de economia verde “ainda está aberto e é frágil, porque cada país cria as suas diretrizes". A pressão da sociedade faz com que o governo tome atitudes, enquanto cada pessoa tem o poder individual de decisão de consumo.
 
Mauro Lambert aponta a necessidade de "promover formas de organização e inovação tecnológica capazes de estabelecer novas oportunidades econômicas e um novo padrão de crescimento". Para ele, isso acontece através da redução da produção de resíduos, da redução de emissões, do impulsionamento da eficiência energética e da racionalização do uso dos recursos naturais.
 
Como medir a economia para ela se tornar sustentável?
 
No ano passado, foi calculado em 33 trilhões de dólares por ano o valor dos recursos naturais, quantia semelhante ao PIB mundial. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o Pnuma, também lançou um índice de sustentabilidade, medindo os serviços ambientais, reconhecendo a importância da biodiversidade, denominado PIB verde. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente e algumas ONGs estão buscando inserir o PIB verde como avaliativo para sinalizar ao governo um modo de internacionalizar sua riqueza natural e a exploração dela na economia.
 
Atuação em rede
 
A sociedade e os ecossistemas têm o padrão de rede, ou seja, funcionam a partir da interação das partes, enquanto que a economia tradicional atua de forma linear e não em teia de relações, atuando contra a lógica de regulamento dos sistemas, pois os recursos são finitos. “Não se pode ter crescimento para sempre”, afirma Lambert, que acrescenta: “Os sistemas vivos estão sempre mudando, mas em um padrão de estabilidade dinâmica que está sendo alterado pelo desenvolvimento econômico”.
 
Os princípios de rede, segundo o pesquisador, são a retroalimentação, a flexibilidade e a cooperação. Para ele, a economia deveria ter um pouco de cada um destes princípios, a fim de se tornar sustentável.
EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais

  
  
  
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