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Hidrelétricas

Segunda-feira, 14 de Maio de 2012

 
     

Simpósio sobre hidrelétricas no Pantanal supera expectativas

  

Atualmente existem 128 projetos de usinas hidrelétricas, nos rios da Bacia, sendo que  44 já estão em operação e as demais se encontram em fase de construção, licenciamento ou estudo.

  


Por Coalisão Rios Vivos

Cerca de 100 pessoas participaram do “I Simpósio - Efeitos Sinergéticos das Hidrelétricas na Bacia do Alto Paraguai”, realizado entre os dias 11 e 12 de maio, em Campo Grande no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil seccional de Mato Grosso do Sul (OAB/MS).

O evento teve como objetivo fomentar a discussão sobre a temática, possibilitando que os representantes de diversos segmentos argumentassem e discutissem sobre quais os reais impactos ambientais que o crescimento no número de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Usinas Hidrelétricas (UHE) irão causar na Bacia do Alto Paraguai (BAP) caso seja aproveitado todo o potencial energético oferecido pelos rios da BAP.

De acordo com o estudo “Análise de Risco Ecológico da Bacia do Rio Paraguai”, publicado em fevereiro deste ano pela WWF Brasil, atualmente existem 128 projetos de usinas hidrelétricas, nos rios da Bacia, destas 44 já estão em operação e as demais se encontram em fase de construção, licenciamento ou estudo. Estes números preocupam técnicos, pesquisadores e sociedade civil que estão envolvidos com a conservação da vida no Pantanal.

Os estudos revelam que metade da Bacia pantaneira está sob alto e médio risco ambiental, e que 14% dela necessita ser protegida com urgência, dada sua grande capacidade de fornecer água e manter os ciclos de cheias e vazantes que dão vida ao Pantanal e fazem da região um Patrimônio da Humanidade.

Débora Calheiros, pesquisadora em Ecologia de Rios e Áreas Inundáveis, alertou que o impacto destes empreendimentos afetará os rios responsáveis pelo regime de inundações periódicas e automaticamente toda a vida da biodiversidade do Pantanal. “É inevitável que estas hidrelétricas afetem a vida dos peixes, diminuindo a quantidade de várias espécies e consequentemente todo o ciclo da biodiversidade pantaneira,” lembrou a pesquisadora.

“No mínimo, o desenvolvimento sustentável não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra: a atmosfera, as águas, os solos e os seres vivos,” ressaltou Débora Calheiros durante sua palestra.

Pesquisador em Impacto Ambiental, Carlos Roberto Padovani, lembrou-se do tempo em que a pecuária era uma grande promessa para o desenvolvimento no Estado, “a pecuária, que antigamente era uma bandeira do desenvolvimento, hoje se resume a milhares de km² de áreas degradadas. O mesmo tende a acontecer com a bandeira das PCHs”, afirmou.

Outra observação relevante feita durante o simpósio foi da pesquisadora da Embrapa Pantanal especialista em Limnologia, Márcia Divina de Oliveira quando lembrou que o aumento do Mexilhão Dourado (espécie invasora que veio da China no casco de navios) no Pantanal pode se intensificar com a construção de tantas PCHs. Pois, uma das formas de controle deste invasor é a dequada – um fenômeno natural de deterioração da qualidade da água, relacionado à decomposição da grande massa orgânica que ocorre no início do processo de inundação do Pantanal – que com o numero aumentado de reservatórios de Pequenas Centrais Hidrelétricas deixaria de ser constate na região.

Os resultados obtidos no I Simpósio superou as expectativas da Comissão do Meio Ambiente da OAB/MS, animou os organizadores a realizarem uma segunda edição do evento.

"O Simpósio foi muito produtivo, conseguimos reunir cientistas e técnicos, que discutiram a situação da região. Foi um evento bastante técnico, com uma discussão madura", comemorou Helena Kaplan, presidente da Comissão.

Mesmo sem data marcada, um II Simpósio já ganhou força na Comissão. "Vimos a necessidade de darmos continuidade à discussão e a linha de raciocínio", comentou Helena. Antes, porém, a Comissão de Meio Ambiente da OAB/MS vai se reunir, no dia 4 de junho, e começar a colocar na prática o que foi discutido no Simpósio. "Uma carta de recomendações e cuidados será, com certeza, enviada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente", garantiu a advogada.

Rios Vivos - EcoAgência

  
  
  
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