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Animais

Segunda-feira, 17 de Junho de 2013

 
     

Animais são vítimas de maus tratos e mantidos em condições sanitárias inadequadas

  

Uma petição já circula na internet, com mais de 170 mil assinaturas, de 150 países. O mote da campanha é incisivo: “Tartarugas marinhas espremidas, estressadas e doentes vivendo em águas poluídas: seja bem-vindo ao Cayman Turtle Farm”.

  


Por Henrique Kugler - Ciência Hoje

Paraíso para turistas; inferno para tartarugas. O criadouro Cayman Turtle Farm – uma das principais atrações turísticas das Ilhas Cayman, no Caribe – foi alvo de acusações graves. Relatório da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) constatou que as tartarugas mantidas no estabelecimento são vítimas de maus tratos e condições sanitárias inadequadas à espécie.

Estamos falando da Chelonia mydas, também conhecida como tartaruga-verde. É um animal solitário, habituado a percorrer longas distâncias pelos mares afora. No entanto, o criadouro mantém cerca de nove mil indivíduos confinados em espaço restrito – quadro de superpopulação que provoca disputas territoriais e, não raro, resulta em canibalismo. Segundo o relatório, foram constatados “ferimentos profundos em suas cabeças e membros, além de lesões cutâneas e altos índices de mortalidade de tartarugas jovens”. Segundo a veterinária Rosangela Ribeiro, da WSPA, “também foram encontradas, na água, bactérias como salmonelas e coliformes fecais”.

O estabelecimento cria tartarugas para fins comerciais – a carne do réptil é muito apreciada nas Ilhas Cayman. Com o tempo, o local se tornou também atração turística. Recebe cerca de 500 mil visitantes por ano, que, por US$45, podem nadar com as tartarugas e mesmo manipulá-las. São sessões quase diárias de estresse para os animais. “O Cayman Turtle Farm é o único criadouro do mundo autorizado a trabalhar com a Chelonia mydas”, diz Ribeiro, lembrando que se trata de uma tartaruga que em breve poderá integrar a lista de espécies em extinção.

O outro lado: a instituição negou as acusações, queixando-se do ‘sensacionalismo noticioso’ promovido pela WSPA. Mas, em nota publicada no final de janeiro, o diretor administrativo do criadouro, Tim Adam, disse estar empenhado em sanar as preocupações listadas no relatório. “Estamos tomando providências”, escreveu. Mas Ribeiro não é otimista. “Melhorias na qualidade de vida animal geralmente inviabilizam, economicamente, empreendimentos desse tipo”, analisa. Por isso, segundo ela, o estabelecimento dificilmente conseguirá se adequar aos protocolos de bem-estar animal. “Se a situação perdurar, nosso próximo passo será exigir o fechamento do criadouro.”

A controvérsia tem movimentado a opinião pública. Uma petição já circula na internet, com mais de 170 mil assinaturas, de 150 países. O mote da campanha é incisivo: “Tartarugas marinhas espremidas, estressadas e doentes vivendo em águas poluídas: seja bem-vindo ao Cayman Turtle Farm”. Notável contraste com a fama paradisíaca das Ilhas Cayman – território britânico conhecido pelas belíssimas praias e por ser também um paraíso fiscal.

O episódio incita uma reflexão ética que, para muitos, é bastante indigesta: a sociedade se mobiliza pelo bem-estar das simpáticas tartarugas; mas o que dizer das aves, bovinos e suínos apinhados em abatedouros pelo mundo afora? “Nesses casos, também é comum encontrarmos exemplos horríveis de maus tratos e quadros preocupantes de superpopulação”, lembra Ribeiro. Situações que, segundo a veterinária, são ainda piores que a das tartarugas das Ilhas Cayman.

Ciência Hoje/EcoAgência

  
  
  
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Autorizada a reprodução, citando-se a fonte.
 
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