O pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, Paulo Antunes Horta Junior, disse que as mudanças climáticas podem afetar a biodiversidade marinha. Um dos efeitos das mudanças climáticas é alteração do curso natural das correntes marítimas, o que possibilita que espécies sejam deslocadas e transportadas para lugares diferentes. Muitas dessas espécies, quando chegam aos novos ambientes, podem se tornar invasoras e se proliferar, prejudicando inclusive as unidades de conservação marinhas, consideradas refúgios naturais de espécies nativas.
“É um fenômeno que vem se intensificando cada vez mais em toda a costa brasileira”, afirmou Horta Junior, que proferiu palestra hoje (25) sobre “Aquecimento global e mudanças de correntes marítimas e suas consequências sobre a biodiversidade marinha” no VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que acontece em Natal (RN) até o próximo dia 27. O VII CBUC é uma realização da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Como exemplo, Horta Junior citou o aparecimento de algas verdes invasoras nos manguezais do Rio Grande do Norte, provavelmente trazidos da Venezuela, por meio das correntes marítimas e ventos. “Esses dois fenômenos, intensificados pelas mudanças climáticas, transportam os microorganismos, que encontram condições adequadas para crescer e se proliferar, sobretudo nas regiões onde estão localizadas as unidades de conservação”, explicou.
Segundo o pesquisador, outra fonte de propagação de espécies invasoras na costa brasileira é a exploração petrolífera. “Em abril deste ano, encontramos uma plataforma de petróleo clandestina na foz do Rio Amazonas, no Pará, que estava sendo rebocada da Venezuela. Muito provavelmente, espécies da fauna e flora que não são comuns no litoral do Brasil acompanhavam esse deslocamento nos cascos do navio e da plataforma”, disse.
Para que haja um maior controle sobre as espécies invasoras, Horta Junior recomendou o monitoramento em ambientes marinhos, sobretudo nas áreas protegidas e por regiões. “Acredito que projetos de monitoramento podem ser uma forma de controle dessas espécies e da preservação do ambiente nas áreas protegidas”, declarou.