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Observatório de Jornalismo Ambiental

Segunda-feira, 04 de Julho de 2022

 
     

Pautas ambientais dispõem de dados sobre violência: resta à imprensa reportá-los

  

Há a necessidade de interpretarmos os dados de homicídios face ao “desmatamento, o garimpo ilegal, a corrupção, a criminalidade e a intensa presença de milícias e facções do crime organizado”

  


Por Ângela Camana*

Na última semana foi divulgado o Anuário Brasileiro da Segurança Pública, relatório que reúne dados acerca da violência e suas diversas expressões em todos os estados da federação. A publicação é fruto de um esforço de pesquisa coordenado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e traz informações fornecidas por órgãos oficiais – como forças policiais e secretarias – referentes a 2021. A imprensa em geral celebrou a diminuição no número de mortes violentas no país, que caiu ao menor patamar em uma década. Ainda que os dados apresentados indiquem uma tendência de queda da violência, uma ressalva chama atenção: os homicídios aumentaram na Amazônia.

No mês em que o jornalismo deixou-se afetar pelas mortes brutais de Bruno Pereira e Dom Phillips, tema já abordado neste Observatório, a imprensa não teve a mesma sensibilidade para a interpretação dos dados do Anuário. O próprio relatório dedica um capítulo ao entrelaçamento das pautas da violência e ambiental, indicando a necessidade de interpretarmos os dados de homicídios face ao “desmatamento, o garimpo ilegal, a corrupção, a criminalidade e a intensa presença de milícias e facções do crime organizado”. No entanto, poucos foram os veículos que se dedicaram a isto. Exceção à regra, a Folha enfatizou as disputas desiguais por terra no norte do país, bem como a especificidade das regiões rurais.

A repercussão na imprensa do Anuário até aqui tem se mostrado uma oportunidade perdida para a necessária complexificação da pauta da violência. Na semana em que foram publicizadas imagens que indicam um massacre de indígenas Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul, o debate público acerca da relação entre território, ambiente e violência é ainda mais urgente. Se o jornalismo não o fizer, corremos o risco de que as mortes de Dom, de Bruno e de tantos outros e outras sejam apenas mais um dado para a estatística do anuário do ano que vem. 

 

 

* Texto produzido no âmbito do projeto de extensão "Observatório de Jornalismo Ambiental" por integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS). A republicação é uma parceria com o Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS). Ângela Camana é jornalista e socióloga. Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisadora colaboradora no Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental e no grupo de pesquisa TEMAS – Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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