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Domingo, 19 de Abril de 2015

 
     

A escassez de água em várias partes do mundo ameaça a segurança alimentar e os meios de subsistência

  

 Documento da FAO e Conselho Mundial da Água alerta que em 2050, com um população em torno de 9 milhões de pessoas, o consumo excessivo, a degradação e o impacto das alterações climáticas irão reduzir a disponibilidade de água em várias regiões, especialmente em países em desenvolvimento

  


Por Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO)

Em 2050 haverá água suficiente para produzir os alimentos necessários para alimentar a população global, cuja expectativa é que supere os 9 milhões de pessoas, mas o consumo excessivo, a degradação e o impacto das alterações climáticas irá reduzir a disponibilidade de água em várias regiões, especialmente em países em desenvolvimento, segundo advertiram a FAO e o Conselho Mundial da Água (CMA) em um relatório publicado hoje.

O documento “Rumo a um futuro de segurança hídrica e alimentar”, aponta a necessidade de políticas governamentais e investimentos dos setores público e privado para garantir que a produção agrícola, animal e de pesca seja sustentável e contemple também a salvaguarda dos recursos hídricos.

Essas ações são essenciais para reduzir a pobreza, aumentar os rendimentos e assegurar a segurança alimentar de muitas pessoas que vivem em zonas rurais e urbanas, segundo destaca o relatório.

“A segurança alimentar e hídrica estão estreitamente ligadas. Acreditamos que desenvolvendo abordagens locais e fazendo os investimentos certos, os líderes mundiais podem assegurar que haverá um volume suficiente, qualidade e acesso à água para garantir a segurança alimentar em 2050 e na posteridade,” disse Benedito Braga, Presidente do Conselho Mundial da Água, ao apresentar o relatório no 7º Fórum Mundial da Água em Daegu e Gyeongbuk, na Coreia do Sul.

“A essência do desafio é adotar programas que envolvam investimentos com benefícios a longo prazo, como a reabilitação de infraestruturas. A agricultura tem de seguir o caminho da sustentabilidade e não o da rentabilidade imediata”, acrescentou Braga.

“Em uma época de alterações aceleradas e sem precedentes, a nossa capacidade de proporcionar uma alimentação adequada, inócua e nutritiva de forma sustentável e equitativa é mais relevante que nunca. A água como um elemento insubstituível no alcance deste fim, está já sob pressão pelas crescentes exigências de outros usos, agravada por uma governança débil, falta de capacidade e falta de investimentos,” disse a Diretora Geral Adjunta da FAO, Maria Helena Semedo.

“Este é o momento oportuno para rever as nossas políticas públicas, os marcos de investimentos, as estruturas de governança e as instituições. Estamos entrando na era de desenvolvimento pós-2015 e devemos marcá-la com compromissos sólidos,” acrescentou.

A agricultura continuará a ser a maior consumidora de água 

Em 2050 serão necessários mais de 60% de alimentos – até 100% nos países em desenvolvimento – para alimentar o mundo e a agricultura vai manter-se como o maior setor consumidor de água a nível mundial, o que representa em muitos países cerca de 2/3 ou mais da disponibilidade procedente de rios, lagos e aquíferos.

Mesmo com o crescimento da urbanização, em 2050, grande parte da população mundial e a maioria dos mais pobres continuarão a obter sustento através da agricultura. Ainda assim, este setor verá o volume de água disponível reduzir-se devido a uma maior competição por parte das cidades e indústria, indica o relatório conjunto da FAO e do CMA.

Sendo assim, por meio da tecnologia e das práticas de gestão, os agricultores, especialmente os pequenos agricultores, terão de encontrar maneiras de aumentar a produção com uma disponibilidade limitada de terra e água.

Atualmente, a escassez de água afeta mais de 40% da população mundial, uma percentagem que alcançará os 2/3 em 2050. Esta situação deve-se em grande parte a um consumo excessivo de água para a produção alimentar e agrícola. Por exemplo, em grandes zonas da Ásia meridional e oriental, no Meio Oriente, Norte de África e América Central e do Norte, é usada mais água subterrânea do que a que pode ser reposta naturalmente.

Em algumas regiões a agricultura intensiva, o desenvolvimento industrial e o crescimento das cidades são responsáveis pela contaminação das fontes de água, acrescenta o relatório.


Alterações nas políticas e nos investimentos 

São necessárias melhorias destinadas a ajudar os agricultores a aumentarem a produção de alimentos utilizando recursos hídricos cada vez mais limitados, incluindo no campo da fitogenética e da zoogenética. Será também fundamental capacitar os agricultores para que façam uma melhor gestão dos riscos associados à escassez de água, segundo a FAO e o CMA. Isso requer uma combinação de investimentos públicos e privados, assim como programas de fomento e de apoio.

Para fazer frente à degradação e ao desperdício, as instituições gestoras da água devem ser mais transparentes nos seus mecanismos de atribuição e fixação de preços, argumentam as duas organizações. Essencialmente, os direitos à água devem ser atribuídos de forma justa e inclusiva.

Em particular, o relatório salienta a necessidade de garantir a segurança da posse da terra e da água e o acesso ao crédito para potenciar o papel das mulheres, que na África e na Ásia são responsáveis por grande parte da atividade agrícola.

Fazer frente às alterações climáticas 

Os efeitos do aquecimento global, incluindo padrões incomuns de precipitação e temperatura e os fenômenos meteorológicos extremos cada vez mais frequentes, como secas e ciclones, terão um impacto crescente, em particular sobre a agricultura e os recursos hídricos, adverte o relatório apresentado hoje.

As zonas montanhosas proveem até 80% dos recursos hídricos mundiais, mas o retrocesso dos glaciares que vem sendo observado, como consequência das alterações climáticas, põe em perigo a existência destes recursos no futuro.

As florestas, por outro lado, consomem água, mas também a fornecem – pelo menos 1/3 das maiores cidades do mundo obtém parte importante da água potável de zonas florestais. Isso sublinha a importância de intensificar os esforços para proteger as florestas e as zonas montanhosas onde tem origem grande parte da água doce do mundo.

O relatório apela por políticas e investimentos para melhorar a adaptação às alterações climáticas a nível das bacias hidrográficas e agregados familiares, assim como melhorar as instalações de armazenamento de água, a captura e a reutilização de águas residuais, assim como a investigação que gera sistemas de produção agrícola mais resilientes para os pequenos agricultores.

O Fórum Mundial da Água é o maior evento internacional destinado à procura de soluções conjuntas aos muitos desafios hídricos do planeta. Além de produzir o relatório conjunto com o Fórum Mundial da Água, a FAO apresentou também no Fórum, um conjunto com vários parceiros, a Visão 2030 e o Quadro Global de Ação, que é um conjunto de diretrizes e recomendações para melhorar a gestão das águas subterrâneas.
 

  
  
  
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