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Quarta-feira, 09 de Setembro de 2020

 
     

Todo respeito à Mãe Terra

  

Há 20 anos a Carta da Terra traz uma visão de esperança e um chamado à ação em defesa de Gaia, a Mãe-terra da mitologia grega que considera o planeta como um organismo vivo.

  


Por Vera Damian

Em 2020 comemora-se o 20º aniversário de proclamação da Carta da Terra pela Unesco. Com a adesão de 4.500 governos e organizações do mundo, incluindo o Brasil, é um manifesto global por respeito à natureza, aos direitos humanos, à justiça social e econômica e à cultura da paz.

O documento é resultado de um diálogo intercultural em torno de objetivos comuns e de valores compartilhados. Foi elaborado durante décadas e é considerado o mais inclusivo e participativo processo de criação de uma declaração internacional.

A primeira versão surgiu ainda em 1992, no Rio de Janeiro, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - que ficou conhecida como Eco-92.

O texto final da Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Reconhece que os objetivos de proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico equitativo, respeito aos direitos humanosdemocracia e paz são interdependentes e indivisíveis.

Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada, voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações.

Já se passaram 20 anos. Estamos numa pandemia, apontada pelo físico austríaco Fritjof Capra como uma resposta biológica do Planeta ao atual sistema econômico que explora sem limites os recursos naturais e polui o ambiente, gerando ainda graves desigualdades sociais e econômicas.

Cientistas e ambientalistas há décadas vêm alertando para as terríveis consequências destas práticas. Mais recentemente, uma legião de jovens ativistas alardeou ao mundo sobre a emergência climática global e o risco de comprometer o futuro das novas gerações com estes sistemas sociais, econômicos e políticos insustentáveis.

 Futuro sustentável em nossas mãos

Autor de livros como O Tao da Física, O Ponto de Mutação e Teia da Vida, Fritjof Capra participa, em 2020, do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento - Reinvenção do Humano, trazendo constatações e (antigos) questionamentos. Para Capra, com a pandemia, Gaia nos trouxe lições valiosas capazes de salvar vidas. A questão é: teremos sabedoria e vontade política necessárias para ouvir essas lições?

- Mudaremos do modelo de crescimento econômico indiferenciado baseado no extrativismo para outro de crescimento qualitativo e regenerativo?

 - Vamos substituir combustíveis fósseis por formas renováveis de energia que deem conta de todas as nossas necessidades? 

- Vamos substituir nosso sistema centralizado de agricultura industrial com uso intensivo de energia por um sistema orgânico de agricultura regenerativa, familiar e comunitária?

- Vamos plantar bilhões de árvores capazes de retirar o gás carbônico (causador do aquecimento global) da atmosfera e de restaurar diferentes ecossistemas do mundo?

- Se já temos o conhecimento e a tecnologia necessárias para construir um futuro sustentável, por que não o fazemos simplesmente? Teremos a vontade política que falta?

 “Valores humanos não são leis naturais e por isso podem mudar. A crença em um progresso contínuo e a obsessão de nossos economistas e políticos com a ilusão de um crescimento ilimitado em um planeta finito constituem o dilema fundamental que permeia nossos problemas globais”, define Capra.

A força do verbo de cada um

Para conjugar o tempo do futuro, escolha os seus verbos/ações, pratique e amplie a lista:

RE-ciclar: quase tudo pode ser matéria-prima para novos produtos. Garanta uma perfeita separação do seu resíduo doméstico/empresarial. Encaminhe para o destino correto. Você pode transformar o seu resíduo orgânico em adubo para vasos, jardins ou mesmo para canteiros/hortas públicos com a adoção de uma composteira doméstica. 

RE-utilizar: o que não serve mais para um pode ser de extrema utilidade para outros. Ofereça e aceite objetos/roupas/móveis/utensílios de seus conhecidos e/ou fique atenta para entidades que mantêm brechós solidários, como o Brechó ChiCão e Abracabrike, entre outros. Na internet também há vários grupos de trocas.

RE-duzir: pense antes de consumir. Avalie se esse consumo é realmente necessário. Particularmente recuse embalagens plásticas e não utilize aquelas com tempo de duração reduzido, como copos, pratos e talheres descartáveis. Evite consumir os combustíveis fósseis (gás, gasolina, óleo diesel, carvão). Pratique semanalmente a campanha “sem meu carro”. Dois dias de carona ou a pé já reduz seu consumo em quase 30%. 

RE-educar: a si mesmo e as novas gerações para não cometer os erros do passado. Colocar a questão ambiental acima da econômica vai promover escolhas mais sensatas para garantir o futuro. Conheça as vantagens de usar o sol para esterilizar ambientes, aquecer água e gerar energia elétrica. Estude também sobre outras formas de energias sustentáveis. 

RE-introduzir: espécies da fauna e flora na natureza. Tenha cuidado com os elementos exóticos que podem prejudicar a fauna/flora locais. 

RE-florestar: É necessário plantar bilhões de árvores para captar os gases que estão causando o aquecimento global. Encontre um jeito de fazer a sua parte. 

RE-generar: valores de cooperação e solidariedade. Com valores positivos vamos nos ajudar mutuamente e construir uma sociedade mais humana e mais sensível para a necessidade de preservar a vida em todas as suas formas

Re-pensar: porque sempre é tempo de aprender, desaprender e reaprender.

*Vera Mari Damian – É Jornalista e Ambientalista

Leia aqui a íntegra da Carta da Terra

  
  
  
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