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Rio+20 - Exclusivo/EcoAgência

Sexta-feira, 22 de Junho de 2012

 
     

"A economia verde não funciona para o nosso povo nem para os povos do mundo", afirma americana

  

Erin Thompson trouxe a mensagem da comunidade de imigrantes que trabalham na monocultura da framboesa e também com a produção leiteira.

  

Eliege Fante/EcoAgência    
Plenária da Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo


Por Eliege Fante, especial para a EcoAgência de Notícias

Na tarde de ontem (21), as diversas manifestações culturais dos povos, na Cúpula que acontece no Aterro do Flamengo, foram intercaladas com a leitura dos documentos finais provenientes das discussões em torno dos cinco temas das plenárias. Deste processo é que resultou a Declaração Final apresentada hoje (22). Cada participante tinha dois minutos para chamar a atenção do público para a luta que empreende em prol dos direitos das comunidades. De Bellingham, Washington, Erin Thompson trouxe a mensagem da comunidade de imigrantes que trabalham na monocultura da framboesa e também com a produção leiteira. A comunidade rural de 60 mil pessoas é responsável por 75% do cultivo da fruta nos Estados Unidos e por 40% da produção mundial.

"Trabalhamos para mudar o modo de produção para uma prática mais saudável, sustentável. Mais de 50% dos trabalhadores da agricultura dos Estados Unidos são imigrantes sem documentos e, por isso, sem direitos.", disse. Estes trabalhadores vêm de países como o México e a Guatemala. Erin conta que estão sendo criminalizados devido a responsabilização pela crise econômica. Por conta dos custos para a manutenção de prisões, os governos estão privatizando as cadeias a cada dia, o que dificulta ainda mais a situação já precária destes imigrantes. A vigente lei dos trabalhadores não contempla aqueles da agricultura, cuja função implica uma longa jornada, o uso de agrotóxicos, dentre outros problemas. Já há documentos comprovando as denúncias, mas o negócio está em alta.

"Os centros de detenção privados para imigrantes sem documentos ganham 100 dólares ao dia/pessoa. Estas companhias têm investidores na bolsa de valores, a quem dizem que abrirão mais prisões para resolver o problema da crise econômica. Assim ganham mais dinheiro, mas criminalizam cada vez mais os pobres, os negros. Sempre que a economia está em crise, buscam alguém para culpar.", afirma. A ativista pela soberania alimentar dos povos entende que esta é uma forma de mercantilização da terra, do racismo, da imigração.

O contexto da repressão se agravou, lembra, a partir dos atentados ocorridos em 11 de setembro de 2001. "Antes, tínhamos cem policiais de imigração e, hoje mais de mil, sendo que se trata de uma comunidade rural. Mesmo que seja na fronteira (com o Canadá), não há perigo, há gente humilde que veio aos Estados Unidos porque perdeu as suas terras com os tratados de livre comércio e não teve outra opção para se manter em seus países." A perda a que se refere é para a monocultura das grandes extensões de terras de cerca de mil acres. Muitos proprietários são americanos, mas Erin conta que canadenses estão aproveitando os baixos preços das terras e fazendo aquisições de propriedades.

A delegação americana da qual Erin faz parte dividiu-se entre os eventos no Riocentro e no Aterro. Mas a posição do grupo é a mesma sobre a proposta de implantação da economia verde. "Rejeitamos a economia verde porque não é sustentável. Ser sustentável significa incluir toda a natureza e os povos, e para sempre; não até 30 anos, quando surgir uma crise maior. São muitas falsas soluções, e estamos trazendo uma voz dos Estados Unidos diferente da que se escuta em todo o mundo. A economia verde não funciona para o nosso povo nem para os povos do mundo.", avalia.

Segundo Erin, este pensamento é minoria em seu país. Ela atribui a difícil receptividade ao trabalho desempenhado pelos meios de educação e de comunicação. "A informação é muito escondida, é necessário muito esforço para encontrar a verdade. E há o problema do racismo e da discriminação de classes, quando há diferença na abordagem sobre as classes menos favorecidas em comparação àquelas mais abastadas." A descentralização desses meios de obter a informação, bem como a independência deles dos poderes político e econômico, pode levar à reversão desse quadro, conclui.

EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais

  
  
  
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