A maior parte das crÃticas se prende a questões de rito na CTNBio, mostrando o lado clerical, burocrático e anti-cientÃfico desta associação. Pouca coisa relevante para a avaliação de risco é comentada.
A notÃcia peca em diversos aspectos, mas se entende porque, afinal, a AS-PTA não é especialista nem em entomologia, nem em controle de vetores de doenças endêmicas e nem em avaliação de risco de OGMs.
Para começar, há resultados conclusivos sobre biossegurança e avaliação de risco, que é o que interessa agora. E estão no dossiê de liberação comercial, que é público. Estes resultados foram produzidos no Brasil, em Juazeiro, ao longo de mais de dois anos. Se o relatório final da liberação planejada, de onde vieram os dados que estão no dossiê, não foi apresentado à CTNBio, isso não invalida a análise feita pelos membros, uma vez que o que consta do dossiê mencionado é suficiente para a tomada de decisão. Além disso, como experts, os membros avaliam os dados, independentemente de qualquer votação prévia da CTNBio sobre o assunto e cabe a eles decidir se os dados são concretos e suficientes ou se é preciso mais dados ou esclarecimentos adicionais. Não há nada errado nem suspeito neste rito, e muito menos está a biossegurança comprometida. Após a entrega do relatório podem surgir novas informações interessantes à ciência; porém, para a avaliação de risco, que tem um escopo muito mais definido e estreito, as que já foram apresentadas bastam.
Para quem acompanhou de perto as liberações planejadas salta à vista que não são apenas dois experimentos, como insinua a notÃcia da AS-PTA, mas um largo leque de ações com geração de dados importantes. Afinal, para mosquitos, cada liberação de um lote é diferente da outra: temperatura, ventos, local, chuvas, época do ano, todas são variáveis sujeitas a análise, o que diferencia muito uma liberação planejada deste tipo daquelas que a CTNBio está habituada a analisar com as plantas. A argumentação de que há poucos dados gerados é completamente falsa.
Por fim, é fantasiosa a hipótese de que haverá tetraciclina em concentrações suficientes para garantir a sobrevivência dos mosquitos nas águas servidas onde este poderia se criar. Em nenhuma parte do mundo isso ocorre, segundo larga bibliografia disponÃvel e citada no parecer consolidado da setorial vegetal/ambiental. Na verdade, não há porque se esperar que a tetraclina esteja sequer presente, uma vez que hoje este antibiótico é empregado em larga escala apenas em criações industriais de animais, o que não existe em área urbana.
Quanto a aprovação do pedido, a notÃcia também é errada: o que foi votado foi a continuação da análise naquela reunião, e não se chegou a uma maioria pois o presidente se absteve de votar. Apenas isso. Quanto ao representante do Ministério da Saúde, está ele em total sintonia com avaliação de risco do mosquito GM, uma vez que sua aplicabilidade no controle da dengue não está em pauta na CTNBio. O que ocorreu foi apenas um patrulhamento dos oponentes tradicionais da biotecnologia, que encurralaram o colega na reunião, bem ao estilo da velha ditadura, com a qual, em comportamento, eles tanto se afinam. Isso já tinha sido evidenciado ao tempo da votação do feijão transgênico da EMBRAPA. Quem não se recordar, pode olhar lá no GenPeace.
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