O Fórum Econômico Mundial lançou nesta terça-feira (8) um relatório baseado em uma pesquisa de mais de 1000 especialistas da indústria, governos e academia que analisa 50 riscos globais em termos de impactos, probabilidade e interconexões. O Relatório Riscos Globais 2013 aponta que as condições financeiras difíceis, aliadas com os frequentes eventos climáticos extremos, representam uma combinação “cada vez mais perigosa” para a economia global.
De um modo geral, a oitava edição do documento sugere que o mundo corre cada vez mais risco à medida que os impasses econômicos enfraquecem a capacidade de se enfrentar os desafios ambientais. O relatório ressalta que a grande diferença de renda, seguida pelos desequilíbrios fiscais, são os dois maiores riscos globais, mas o aumento das emissões de gases do efeito estufa aparece logo em seguida, como o 3º maior risco geral.
Rainer Egloff, da seguradora Swiss Re, declarou ao BusinessGreen que as mudanças climáticas também contribuem para outros riscos identificados pelos participantes da pesquisa, como preocupações com a oferta de alimentos e água e riscos relacionados à saúde. “O estresse contínuo do sistema econômico global está posicionado para absorver a atenção dos líderes no futuro próximo. Enquanto isso, o sistema ambiental da Terra está simultaneamente ficando sob crescente estresse. Os futuros choques simultâneos de ambos os sistemas podem desencadear a ‘tempestade global perfeita’, com consequências potencialmente insuperáveis”, afirma o texto.
“Na frente econômica, a resiliência global está sendo testada por políticas fiscais austeras. Na frente ambiental, a resiliência da Terra está sendo testada pelo aumento das temperaturas globais e eventos climáticos extremos que provavelmente se tornarão mais frequentes e severos. Um colapso grande e repentino em uma frente certamente prejudica a chance da outra de desenvolver uma solução efetiva e em longo prazo”, acrescenta. Para lidar com esse impasse, John Drzik, diretor executivo do Fórum Econômico Mundial, pediu que os criadores de políticas tomem medidas urgentes para combater os riscos ambientais e econômicos e sua relação.
“Duas tempestades – ambiental e econômica – estão a caminho de uma colisão. Se não alocarmos os recursos necessários para mitigar o crescente risco de eventos climáticos severos, a prosperidade global para futuras gerações pode ser ameaçada. Líderes políticos, líderes empresariais e cientistas precisam se unir para administrar esses riscos complexos”, comentou Drzik.
No entanto, Egloff chamou a atenção para a dificuldade de fazer com que criadores de políticas e empresas se comprometam com riscos climáticos. “O relatório argumenta que temos evidências das mudanças climáticas e a necessidade urgente de investir no combate ao problema, mas também temos problemas econômicos urgentes que estão absorvendo a atenção dos líderes políticos”, observou. “Estamos vendo a tomada de decisões frequentemente ir em outra direção e como resultado há um grande risco de que a decisão de agir sobre as mudanças climáticas seja adiada”, concluiu.